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Aveiro // Região  

Coral Polifónico de Aveiro lança projecto Cantares Doces

O Coral Polifónico de Aveiro, instituição de utilidade pública que perfaz 32 anos, realiza de 22 a 27 de julho o projeto “Cantares Doces”, celebrando pela música as relações seculares entre Aveiro e a Ilha da Madeira.

Tendo por mote a narrativa dos Ovos Moles, o projeto tem como ponto alto um espetáculo na noite de dia 23 de julho de 2014, no Centro Cultural e de Congressos, capaz de atender as preferências de um público plural, numa heterogeneidade de estilos, linguagens musicais, intencionalidades e períodos cronológicos.

Abre com um cantor consagrado da região, José Cid, que em várias das suas canções evoca o mar, tema tão caro do cancioneiro aveirense e madeirense, a que se junta a voz de outro grande artista, Zé Perdigão, e ainda, de forma inédita, no refrão de uma das músicas de Cid, as vozes do Coral Polifónico de Aveiro.

À volta dos famosos “Ovos Moles” e da sua História, o espetáculo prossegue depois numa alternância de formações corais, em que se destaca a participação do Coro de Câmara de Câmara de Lobos, num reencontro pela música entre Aveiro e a Região Autónoma da Madeira, trocando melodias populares como “Ria de Aveiro” pelo “Mar ao Fundo” insular.

Percorre também sonoridades do mundo lusófono, toca em África, com temas como “Siyahamba” e no Brasil com “Prece ao Vento” ou “Romaria”, procurando evidenciar a importância da música para o intercâmbio de culturas e evocando as ambiências marítimas, através de obras contemporâneas como “Queda do Império”.

Os Ovos Moles terão nascido da combinação feliz entre a dotação do açúcar da Madeira de que dispunha a Princesa Santa Joana, que se recolheu no Mosteiro de Jesus, em Aveiro, e as rendas pagas em ovos à casa conventual.

A produção açucareira madeirense, durante séculos, serviu-se sobretudo de formas cerâmicas saídas das olarias aveirenses.
Os barcos que carregavam no Porto de Aveiro e chegavam à Ribeira de Machico, com formas para o pão de açúcar, mas também com sal, vinham depois com lastro de pedras vulcânicas, ainda hoje visíveis em construções da cidade de Aveiro.

Esse movimento mercantil envolveu troca de mercadorias, mas também necessariamente de conhecimentos, culturas e gentes. Poderá estar aí a explicação para o apelido madeirense “Aveiro”, a indicar a origem de algumas famílias insulares, nomeadamente da ascendência paterna do ídolo do futebol português Cristiano Ronaldo.

É nesse enquadramento que, juntamente com a Confraria dos Ovos Moles, o Coral Polifónico de Aveiro organiza também uma conferência, que deverá decorrer na Universidade de Aveiro, sobre essas relações, com a projeção comentada pelos autores do documentário “cidades do açúcar e da cerâmica” e visitas turísticas à região de Aveiro dos coralistas e acompanhantes da Madeira.