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Bairrada // Vagos  

Casas florestais degradadas e “ao deus dará” em Vagos

Devolutas e em adiantado estado de degradação, as casas florestais existentes no município de Vagos [ainda] estão à espera de novo “dono”. Tratando-se de património único, construído há várias décadas (as primeiras casas datam, ao que se sabe, de 1938, ano em que foi lançado o Plano de Povoamento Florestal), serviu de morada aos “guardas” de determinada zona, e podem estar inventariadas “de facto”, em todo o país, para cima de mil.

Continuam sob a tutela do Instituto de Conservação da Natureza Florestal (ICNF), que há dois anos lançou, com relativo sucesso, o Fundo Revive Natureza, para ser explorado por privados, a fim de serem convertidas em unidades turísticas.

De facto, face ao enorme potencial das casas, algumas autarquias querem mesmo “tomar conta” deste edificado único, na tentativa de, como já aconteceu na serra da Lousã, defender o “aproveitamento destas casas fantásticas, que se estão a degradar”. No distrito de Aveiro, foi a câmara de Vale de Cambra a investir 175 mil euros na recuperação de uma das casas, onde vai ficar o Centro Interpretativo da Freita, igualmente para divulgar o património das “suas” montanhas mágicas.

Venda frustrada

No caso do município de Vagos, para além de uma tentativa de venda da casa implantada no troço que liga Vagos à Vagueira, persiste a falta de solução adequada. Foi em 2003, quando a Direção Regional da Agricultura da Beira Litoral pretendia assinar, com Dina Oliveira, presidente do conselho diretivo da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (EPADR), um contrato de comodato válido por dez anos.

O edifício seria utilizado para venda de produtos agrícolas e florestais, com relevância para a produção biológica. Prevista estava, ainda, a divulgação e comercialização de artesanato, turismo, gastronomia e produtos regionais, de forma a serem promovidas “áreas do conhecimento e informação, preferencialmente dirigidas a camadas de população escolar”.

Descentralização de competências

Ouvido por este jornal, o presidente da Câmara de Vagos lamentou que a degradação das casas florestais se arraste, tal como sucede com a moradia dos magistrados ou as instalações da antiga empresa Martins & Rebelo. “Há mais de um ano e meio informamos o Governo que estávamos interessados em gerir esse património, através de descentralização de competências mas, infelizmente, o dossiê está parado”, considerou Silvério Regalado, sublinhando que tal situação continua a “prejudicar todos os vaguenses”.

Segundo o edil vaguense, é forçoso pressionar a Tutela. “É isso que vamos continuar a fazer, para que o Governo concretize o que tantas vezes tem propalado, mas que, infelizmente em muitos casos, e nomeadamente nestes dois em concreto, não saiu do papel”.

Eduardo Jaques/Colaborador