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Bairrada // Oiã // Oliveira do Bairro  

Zona Industrial de Oiã é massacrada por vaga de assaltos

Os empresários instalados na Zona Industrial (ZI) de Oiã estão a ser fustigados por uma vaga de assaltos. Só nos últimos dias, duas empresas foram lesadas em cerca de 200 mil euros. A GNR diz que as estatísticas comprovam que os assaltos têm diminuído, mas, na verdade, os empresários queixam-se que estão a aumentar e dizem que os dados da GNR são explicados pelo simples facto das empresas terem deixado de apresentar queixa, para não perderem tempo e dinheiro.

Só um furto de cobre, na tarde do último domingo, na empresa Vimartins, causou um prejuízo que pode ascender a mais de 170 mil euros. É que um posto de transformação de 1600 Kva foi completamente destruído, deixando a empresa paralisada e 50 funcionários parados.

João Pires, administrador da empresa, explicou ao Jornal da Bairrada que os indivíduos entraram por uma zona de pinhais e começaram por desligar um poste de média tensão da EDP, utilizando de seguida uma carrinha da empresa para rebentar o posto de transformação. “Só o custo deste equipamento poderá oscilar na casa dos 80 mil euros, com a agravante da empresa ficar completamente parada”, sublinhou João Pires, acrescentando que “a empresa fica impossibilitada de entregar as encomendas e terá que mandar os funcionários para casa”.

João Pires, visivelmente revoltado com o sistema judicial e policial, conta que a sua empresa já foi várias vezes assaltada sem que os responsáveis sejam punidos. “Este é mais um assalto para constar das estatísticas e nada mais. A GNR nada tem feito e enquanto existir uma acampamento de indivíduos de etnia cigana aqui nas proximidades, dificilmente os assaltos terminarão”, acrescentou.

Este empresário diz ainda que “ninguém consegue aguentar por muito tempo, assaltos, atrás de assaltos. Isto é uma vergonha”.

Recorda ainda que “os problemas que estão na origem dos assaltos na zona industrial de Oiã já estão mais do que identificados e foram dados a conhecer numa reunião, mantida com responsáveis da polícia, da junta e da Câmara, mas nada foi feito até agora”.

A GNR de Oliveira do Bairro compareceu no local uma hora depois de ter sido chamada. “Acha normal que sejamos vítimas de um assalto desta magnitude e a GNR demore uma hora a chegar”, questiona o empresário.
A ZI de Oiã está a ser, pois, varrida por uma vaga de assaltos. Os seus promotores “trabalham” à vontade, por vezes, durante o dia.

Queixas. A empresa Trougal, mais uma vez (pelas contas dos donos, a 50.ª), recebeu, também, nos últimos dias, a visita indesejada dos larápios.
Os indivíduos aproveitaram as traseiras dos pavilhões e a existência de um talhão de choupos, para rebentarem com uma das portas do armazém de lamas, há pouco reforçada, e recolheram um garibalde.

Segundo um dos proprietários da empresa, “os indivíduos não se ficaram por aqui e até um engenho de ferro de poço carregaram”. “Tudo o que lhe cheire a ferro ou cobre, nada escapa aos vândalos”, refere, sublinhando que “sem a existência dos sucateiros recetadores, os roubos de certo diminuiriam”.

Neste caso e de outras empresas, vítimas de assaltos, “o caso não foi comunicado à GNR, “porque os resultados das muitas participações foram zero”.

Provas. A empresa de manutenção “MAN” também já foi alvo de vários assaltos, nomeadamente às instalações e ao gasóleo dos camiões que se encontram no parque. O último assalto ocorreu na semana passada, quando indivíduos de etnia cigana, durante o dia, carregaram ferro.
É prática da empresa apresentar queixa, no entanto, todos os processos têm sido arquivados por falta de provas.

Furtos aumentam. As estatísticas dizem o contrário, mas na realidade o furto de ferro e cobre das instalações elétricas tem aumentado na Bairrada. Uma só noite pode render aos assaltantes mais de 700 euros, já que o cobre está a ser comercializado, segundo fonte policial, entre os 7 e os 8 euros o quilo.

Os assaltantes têm incidido a sua atividade criminosa nos postes elétricos e postos de transformação da EDP, de onde retiram os cabos de ligação à terra, deixando desprotegidas as instalações.

Sistema judicial. Fonte policial referiu que o sistema judicial não leva em conta que o furto do cobre em instalações elétricas origina problemas de segurança nas instalações, sendo tipificado apenas como mais um furto.
Há um ano, o campo desportivo do Águas Boas, em Oiã, foi visitado e mais de 250 metros de cobre, equivalente a 200 quilos de cobre, foram furtados. O prejuízo foi superior a dez mil euros e os culpados nunca foram detidos.
Fonte policial explicou ainda que “o cobre é derretido e introduzido no mercado, o mesmo acontecendo com as tampas de saneamento que são fundidas”.

O nosso interlocutor diz que “na Bairrada estão referenciados alguns sucateiros, contudo, muitos destes são intermediários de empresas de maior dimensão, algumas das quais localizadas no norte do país”, justificando que “o crime de recetação é muito difícil de ser provado”.

“Temos proprietários de sucateiras que já foram constituídos arguidos, mas acabam sempre por ser condenados ao pagamento de multas”. “A justiça olha para estes furtos como crimes menores”, acrescenta a fonte.

Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt