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Letícia Bernardo

JSD Oliveira do Bairro

Oliveira do Bairro e a perceção de concelho – dormitório

Numa altura em que os jovens enfrentam a difícil escolha entre a ligação afetiva ao território e a tendência a mudar-se para grandes centros urbanos, Oliveira do Bairro destaca-se como um concelho com potencial para ser mais do que um ponto de passagem. É verdade que a população jovem do concelho de Oliveira do Bairro tem vindo a crescer lentamente, mas onde se fixam esses jovens? Vieram para ficar ou estão de passagem? Fazem a sua vida cá ou acordam todos os dias para se deslocar para outros centros urbanos em trabalho? Vieram de fora e ficam no concelho por quanto tempo até decidirem mudar-se?

É notória a perceção subjetiva de estarmos perante um concelho-dormitório, marcada por um elevado movimento diário da população para cidades como Aveiro, Coimbra, Cantanhede e Águeda. Esta realidade pode ser transformada através de estratégias realistas que valorizem aquilo que o concelho já oferece, tornando-as evidentes para as pessoas, levando ao seu reconhecimento.

Mais do que promover soluções vagas ou depender de investimentos que raramente se concretizam, é possível apostar em ações de proximidade que reforcem o sentimento de pertença ao concelho, especialmente da população jovem. A diferença está em perceber que fixar jovens não passa apenas por oferecer emprego no concelho, mas sim por garantir uma qualidade de vida compatível com os seus interesses.

Espaços culturais informais, áreas verdes bem mantidas, uma agenda comunitária feita com os jovens e não apenas para os jovens, são elementos que aumentam a ligação emocional ao território. Se as camadas jovens, nomeadamente a faixa etária do jovem adulto, puderem encontrar em Oliveira do Bairro um lugar onde vale a pena investir tempo, dinheiro, cultivar relações, usar os recursos disponíveis para planear um futuro, então o concelho deixa de ser apenas o local onde se dorme: transforma-se no local onde se vive.

A inovação, neste contexto, é olhar para o território como um espaço vivo, onde, por exemplo, o planeamento urbano, a cultura e a educação se cruzam para formar uma identidade própria. É possível criar dinâmicas em que os jovens possam estudar, viver e trabalhar sem sair do concelho diariamente.

Esta é a nossa definição de desenvolvimento: fazer com que Oliveira do Bairro não precise competir com os centros urbanos, mas sim complementar-se com eles, oferecendo uma vida com propósito, tranquilidade e ambição.