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Economia // Vinhos  

“Grandes Escolhas”: Tinto das Bágeiras e sommelier Fernando Ruas entre os melhores do ano

Mário Sérgio e Fernando Ruas mostraram-se surpreendidos com os prémios, mas muito felizes.

O vinho “Quinta das Bágeiras Pai Abel Bairrada tinto 2015”, produzido por Mário Sérgio Nuno, foi eleito o Melhor Tinto 2020 pela revista Vinho Grandes Escolhas. Já Fernando Ruas foi eleito Sommelier do Ano, “pelo brilhante trabalho que desenvolve no restaurante Rei dos Leitões, na Mealhada”.

Os “Melhores do Ano” foram anunciados na noite desta quinta-feira, dia 4 de março, numa cerimónia online transmitida em streaming, que distinguiu o trabalho de excelência de diversas personalidades e iniciativas, que se destacaram na área do Vinho e da Gastronomia nacional durante o ano passado.

Da região da Bairrada, destaque ainda, no Top 30 de 2020, para o Kompassus Private Collection Bairrada Baga tinto 2013 produzido por Kompassus Vinhos e o Luís Pato Vinha Barrosa Bairrada tinto 2017, produzido por Luís Pato.

“Almejava este prémio há muito tempo”

No rescaldo da entrega de prémios, o produtor Mário Sérgio Nuno não poderia estar mais feliz, até porque de entre os muitos prémios e galardões conquistados ao longo de mais de três décadas de atividade, é  primeira vez que um dos seus vinhos se destaca no top 30, arrecadando o prémio Melhor Tinto 2020. Falamos do Quinta das Bágeiras Pai Abel Bairrada tinto 2015, um vinho elaborado maioritariamente  com a casta Baga (80%) e que estagiou em barricas borgonhesas e no último ano em tonel de madeira.

O produtor confessa estar ainda “eufórico” com o prémio: “No meio de tantos vinhos de elevada qualidade, vinhos extraordinários, com grande notoriedade e preços tão elevados, ser o escolhido como o melhor de entre os melhores é algo que almejava há muito tempo, mas sabia que era difícil de conseguir”.

“Não pensava alcançar uma distinção destas tão cedo” admite, apesar de a Quinta das Bágeiras completar este ano 32 anos de vida. Quanto ao vinho premiado, já se encontra no mercado, ainda que grande parte das 2700 garrafas tenha sido vendida em primor, até dezembro de 2018, mas só entregue aos compradores em novembro de 2020.

“A minha formação é a da prática, do trabalho”

O Sommelier do Ano, Fernando Ruas, “é a prova viva de que, em determinadas áreas, não é absolutamente necessário ter formação académica específica para se ser excelso na profissão. Fernando Ruas é sommelier “honoris causa” porque é brilhante na prestação, no palco Rei dos Leitões”, avança a revista Vinho Grandes Escolhas.

Fernando Ruas, na humildade que lhe é característica, mostrou-se, por um lado, muito surpreso com o prémio, que disse não estar à espera, “porque normalmente estes prémios são entregues a pessoas com formação académica na área. A minha formação é a da prática, do trabalho” e, por outro lado, “muitíssimo feliz”. Por isso, admite que “nem nos meus melhores pensamentos me passou pela cabeça ganhar um prémio com esta importância”.

Ciente de que uma distinção como esta, para além do reconhecimento do percurso profissional, dá visibilidade e notoriedade, confessa que “ontem fiquei felicíssimo, mas hoje já estou a pensar no meu trabalho”, reconhecendo ainda que o trabalho de um sommelier é “uma aprendizagem constante, seja na visita e contacto com produtores, seja junto dos clientes, aprendendo a ouvir os seus gostos e preferências”.

Fernando Ruas admite que a responsabilidade aumenta, mas que também é certo que na sua atividade profissional sempre pautou a sua forma de estar “por fazer sempre mais e melhor”, sem nunca se acomodar.

Ao JB reconhece que o restaurante onde trabalha – Rei dos Leitões – o ajudou a crescer: “Só rodeado por esta equipa e com uma carta de vinhos como a do Rei dos Leitões é possível crescer e chegar ao patamar onde cheguei”, a que se soma ainda uma boa dose de “dedicação, empenho, determinação e vontade”.

Fernando Ruas nasceu em Barrô, no Luso, em 1983, e aos 13 anos já servia às mesas em alguns eventos, sobretudo casamentos. Pouco depois, foi trabalhar para um restaurante, sempre num malabarismo entre a escola e o trabalho.

Em 1998, com 15 anos, teve o seu primeiro contacto com o Rei dos Leitões, naquele que seria o início de uma longa e íntima relação. Em part-time, fazia, neste restaurante da Mealhada, os fins de semana e as férias, tendo, entretanto, ingressado na licenciatura de Engenharia Civil, em Coimbra. Nunca parou de trabalhar durante o curso, a vontade era muita, mas foi entrando e saindo do Rei, fazendo outras coisas pelo meio.

Em 2011 entrou no Rei dos Leitões e não mais saiu. O profissionalismo, a dedicação, a vontade, nasceram com Fernando Ruas, atualmente um dos melhores sommeliers de Portugal, merecedor deste troféu por direito, considerou a revista Vinho Grandes Escolhas.