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Cantanhede

Morreu o médico, escritor e colecionador de Febres, Cândido Ferreira

Para além de médico e da faceta de escritor, assumiu diversos cargos políticos, tendo sido candidato à Presidência da República em 2016.
Doou ao Município de Cantanhede um acervo de 800 mil peças para o Museu da Arte e do Colecionismo.

O médico, escritor e colecionador Cândido Ferreira faleceu esta terça-feira, aos 73 anos. Nascido em Febres mas a residir em Leiria, tinha estado na Biblioteca Municipal de Cantanhede há cerca de um ano, a apresentar mais três livros da sua autoria: “Nos Bastidores da Medicina”, “Estórias deste Mundo e do Outro” e “Covid-19 – A Tempestade Perfeita”. Nesta foto, podemos vê-lo ladeado pela presidente da Câmara, Helena Teodósio, e pelo vice-presidente, Pedro Cardoso.

As cerimónias fúnebres realizam-se na quinta-feira, dia 23, pelas 14h30, na igreja dos Pousos, seguindo para o cemitério de Febres, no concelho de Cantanhede.

Cândido Ferreira nasceu em Febres e desde criança se revelou inquieto e polifacetado, muito empenhado em múltiplas causas de cariz social, cultural e também na investigação científica.

Na Medicina, área na qual se licenciou, em 1973, pela Universidade de Coimbra. Especialista em Nefrologia, criou, em Leiria, uma das primeiras clínicas de hemodiálise em Portugal, destacando-se também por ter integrado a equipa responsável pela primeira transplantação bem-sucedida em Portugal, sob a direção de Linhares Furtado.

Para além da uma carreira de referência na área da Medicina, destacou-se como escritor de romances, contos, crónicas e ensaios, sendo membro da Associação Portuguesa de Escritores, a convite da Direção. Foi autor dos romances “O Senhor Comendador”, “A Paixão do Padre Hilário” e “Setembro Vermelho” e de três livros de crónicas – “Os Burros”, “Esmeralda-Sim!…” e “Pelas Crianças de Portugal”.

Democrata e humanista, assumiu diversos cargos políticos, tendo mesmo sido candidato a Presidente da República Portuguesa em 2016. Em 2019, foi agraciado pela Assembleia Municipal de Cantanhede com um “Voto de Louvor”.

Foi graças à sua ação benemérita que nasceu o projeto do Museu da Arte e do Colecionismo. Cândido Ferreira doou ao Município de Cantanhede um acervo constituído por cerca de 800 mil peças reunidas em cerca de 100 coleções, que poderão muito em breve ser apreciadas neste Museu.

Em nota de pesar enviada à nossa redação, o Município de Cantanhede “partilha o sentimento de enorme consternação pelo falecimento de Cândido Ferreira, médico, professor, escritor, político e humanista envolvido em causas edificantes em vários domínios”.

Também a Câmara Municipal de Leiria divulgou um comunicado, onde lamenta o falecimento de Cândido Ferreira. “O exercício da medicina era mais do que uma paixão, através da qual tratava os seus pacientes com humanidade, sem procurar proveitos próprios, traços que o levaram ao reconhecimento internacional, ao desenvolvimento de parcerias fora das nossas fronteiras e à publicação de inúmeros artigos”, frisa na nota, onde realça o seu percurso profissional e autárquico, como também no setor da Cultura.

“Inquieto por natureza, Cândido Ferreira era um homem ligado às artes e a sua intervenção na cultura fica marcada pelos romances que escreveu”, acrescenta a autarquia leiriense.