É evidente que não se vive e nada se constrói com críticas ou comentários destrutivos, apesar de termos alguma tendência reflexiva de observação, quando inseridos nos meandros de certos assuntos que fazem parte da missão pessoal ou de outrem.
Será caso específico, por exemplo, a organização das festas, ditas religiosas, sobre as quais nos debruçamos para perguntar se elas manifestam ou não o pendor religioso que se supõe trazerem em si mesmas. Serão, de verdade, cristãs e trarão consigo, ao menos, um pequeno laivo de piedade e Fé, para servirem de testemunho da prática e pertença a um povo que se chama “Igreja”, adoradora do Deus único ou veneradora daqueles que O aceitaram, seguiram e amaram?
Decerto, há sempre algo que deve aceitar-se como o desejo de servir e testemunhar a abnegação e entrega no crescimento da Fé.
As festividades religiosas trarão sempre consigo o ensejo de encontro de famílias que convivem de um modo especial. Tal convívio familiar pode considerar-se uma bênção, pois acentuará o sentimento cristão de viver-se em comum quando o amor é razão profunda de vida na comunidade.
Durante a época das festas populares, homenageiam-se as pessoas dos Santos de todos os tempos, cujos nomes entraram na memória popular através dos muitos testemunhos e lendas ancestrais. Todavia, bastante mais deveria ser conhecido e, sobremaneira, respeitado.
Aqui, muitas vezes, deparamo-nos com o facto do desconhecimento de algo sobre determinada figura honrada e não se descobre qualquer interesse em actualizar conhecimentos e doutrina. É evidente que, dentro desta ambientação, há bastantes excepções, pois descobrem-se elementos preocupados em dar uma resposta séria e cristã a todo o seu envolvimento nas celebrações próprias.
Mas, que dizer, ou simplesmente pensar, de quantos indivíduos que vivem todo o seu dia a dia à margem de tudo quanto é Igreja, Fé, compromisso, empenhamento, testemunho?!
Habitualmente, até por falta de seriedade e sensatez, esses apresentam-se como os mais exigentes no sentido contrário ao que deveria ser.
É verdade que estes indivíduos se empenham em elaborar programas e demonstrações artísticas e lúdicas, mas isso não basta porque se afastam da verdadeira razão que está na base de quaisquer festividades, feitas à sombra daquilo que é a prática religiosa da comunidade.
A palavra “religião” significa precisamente o conjunto de conceitos e práticas que ligam estreitamente o Homem a Deus.
Quando a execução é contrária, manifesta-se um paganismo com cara de bem-fazer, provindo do interior de quem, afinal, se encontra num vazio humilhante para o campo da Fé.
Por todas as razões e mesmo aceitando o trabalho, boa vontade e colaboração de muitos, continuaremos a interrogar a verdade das festas, apelidadas de religiosas. Serão festas de carácter cristão ou um exercício de paganismo, levado a efeito à sombra daquilo que qualquer pessoa não se interessa por ver como caminho para a caridade fraternal e rumo para o Deus em Quem se diz acreditar?!