Há muito que certos sectores políticos descobriram a utilidade estratégica de invocar o cristianismo como arma retórica. É uma táctica antiga: vestir-se de virtudes que não se praticam, apresentar-se como guardiões de um património moral que, na realidade, se desconhece ou despreza. São os fariseus dos nossos tempos — não no sentido religioso, mas político — aqueles que fazem do cristianismo um instrumento para fins que nada têm de cristãos.
O resultado é preocupante. O espaço público português tem sido intoxicado por discursos que manipulam valores cristãos para justificar radicalizações, exclusões e nostalgias autoritárias. Há quem proclame diariamente uma suposta superioridade moral, batendo no peito como católico exemplar, enquanto as suas acções e propostas são incompatíveis com a tradição humanista e solidária que caracteriza o cristianismo português e, mais importante ainda, o país que somos.
Não é possível que os cristãos — e, de forma mais ampla, todos os cidadãos que reconhecem o papel civilizacional desses valores — permaneçam em silêncio. A apropriação abusiva do nome de Deus e da Igreja transformou-se numa rotina de propaganda. Usa-se a fé como selo de legitimidade, enquanto se promove uma visão de sociedade assente na desconfiança, na rigidez identitária e na exclusão. É uma operação política calculada, que tenta capturar o que é património cultural e ético de todos os portugueses.
Portugal tem uma longa tradição de solidariedade, de sentido comunitário e de abertura ao outro. Esses valores, que moldaram o país, não podem ser reduzidos a slogans de ocasião. Tanto menos podem ser invocados por quem, no dia-a-dia, se afasta sistematicamente desse espírito: quando se demonizam minorias, quando se substitui debate por gritaria, quando se ignora a complexidade dos problemas para colher ganhos rápidos na agitação mediática.
Particularmente grave é a utilização distorcida da ideia de “família” como bandeira política. Em vez de políticas públicas sérias que promovam coesão social, apoio às crianças, igualdade de oportunidades ou conciliação entre trabalho e vida familiar, prefere-se um discurso moralista, estreito e instrumental. E igualmente grave é a tentativa de regressão no papel da mulher na sociedade, sob um pretexto cultural que não resiste ao mais básico escrutínio histórico. A sociedade portuguesa já avançou demasiado para aceitar retrocessos travestidos de tradição.
O debate democrático precisa de clareza e verdade, não de apropriações simbólicas para mascarar radicalismos. Defender os valores do cristianismo hoje — no espaço político — significa impedir que sejam usados como escudo para agendas que minam a convivência democrática e a coesão social.
Significa afirmar que esses valores, enquanto referência cultural e ética, pertencem a todos e não podem ser sequestrados por quem deles faz apenas propaganda.
É tempo de recentrar a discussão pública naquilo que importa: políticas concretas, responsabilidade institucional, compromisso com o bem comum. O resto é ruído. E o ruído, quando se sobrepõe ao essencial, empobrece a democracia e distorce o país que queremos construir.
[O texto acima foi escrito por IA. Pedi ao ChatGPT para verificar o estilo e conteúdo de todos os meus artigos. Depois pedi que fizesse um artigo que abordasse o tema pretendido, dentro de determinados parâmetros. E fui afinando esses parâmetros até obter um resultado que me satisfizesse. Não alterei nenhuma palavra. Não reconheceria o estilo de texto como meu, mas mesmo assim acho o resultado espectacular.]
