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Bruno Vilhena Pires

Candidato a Presidente da Federação Distrital de Aveiro da Juventude Socialista @avancarporaveiro

Avançar por Aveiro, Avançar pela Bairrada

A região da Bairrada é uma das regiões mais marcantes do país: ambiciosa e com uma identidade muito própria, mas continua a ser tratada, por demasiadas vezes, como um território periférico. Talvez por isso, quem a conhece – como eu, que aqui nasci, em Oiã – reconhece de imediato o potencial imenso que se perde por falta de visão e de prioridade política.

A poluição constante do rio Cértima é o exemplo mais gritante dessa ausência de estratégia. Décadas de descargas e negligência transformaram um dos recursos naturais mais valiosos da região num problema crónico. Muita conversa, pouca ação. E um território que não cuida da sua água dificilmente cuida do seu futuro. Têm sido várias as preocupações levantadas até junto da CIRA, mas sem resposta.

O mesmo acontece com a indústria cerâmica. Durante gerações foi um forte motor económico e social, alimentando famílias inteiras. Hoje, sendo ainda um forte motor da região, já não tem a força que teve e assiste-se a um declínio pontuado pela consciência crescente dos riscos de saúde que existem e que continuam sem uma resposta estrutural. A inovação continua por fazer e o território ficou a meio caminho entre um passado que já não volta e um futuro de desenvolvimento que não chega.

Apesar disso, a Bairrada ainda mostra a sua força e a viticultura continua a ser um dos setores mais dinâmicos da região, capaz de criar valor, atrair investimento e levar o nome da Bairrada além-fronteiras, com qualidade. Isso, e o mítico leitão, claro.

Mas nenhum destes sinais positivos apaga o maior bloqueio ao desenvolvimento da região: a mobilidade. A Busway funciona mal, os comboios regionais são insuficientes e os passes penalizam esta região face a quem usa o suburbano, fora as promessas rodoviárias que se acumulam sem sair do papel. A chegada da alta velocidade pode ser uma oportunidade ou pode aprofundar desigualdades se o território não for integrado no desenho das soluções.

Esta fragilidade explica outra tendência preocupante: a transformação da Bairrada num dormitório de Aveiro, Coimbra ou Águeda. Aqui, as pessoas procuram habitação mais acessível, mas encontram falta de emprego qualificado, transportes pouco fiáveis e serviços de saúde esventrados. A região ganha residentes que dormem, mas que não vivem, perde serviços, investimento e dinamismo social e económico. E não sendo falta de talento local, é falta de políticas públicas que levem a região a sério.

A Bairrada precisa de avançar: de mobilidade digna, de combate à poluição, de uma indústria pujante, de investimento estratégico e de políticas que devolvam a esta zona o sentido de futuro que lhe retiraram.
Avançar por Aveiro significa, também, inevitavelmente, investir na Bairrada. Não como nota de rodapé literal, mas como uma região que pode, e deve, ser protagonista no desenvolvimento do distrito. Porque só há coesão territorial quando ninguém fica para trás.