Cumpre começar por reconhecer e agradecer os préstimos de todas e todos os candidatos autárquicos, bem como dos membros de mesas de voto, contribuindo para reforçar as bases democráticas da República Portuguesa – que tão necessitada está.
Eleições Autárquicas são (apenas) locais, carecendo de sentido projeções nacionais: nem (a liderança d’)o Partido Socialista ganhou sobrevida, nem o CHEGA falhou grosseiramente os objetivos (apenas 3 das 30 Câmaras Municipais desejadas), nem Montenegro foi (re)sufragado positivamente.
Eleições Autárquicas são sempre apontadas como não havendo perdedores: porque se reganham Municípios, se ganham mais Câmaras ou se é o partido mais votado, ou porque não se perde tanto quanto o projetado, ou se ganha alguma coisa.
Em Anadia existe um vencedor absoluto, um vencedor e um (parcial?) derrotado.
59% dos votos e 5 de 7 Vereadores, quase 2/3 dos deputados municipais (e 63% dos representantes nas Freguesias) e vitorioso em 9 das 10 freguesias, fazem do PSD (de Jorge Sampaio e Pedro Esteves) o absoluto vencedor: o fim do PSD que o não era formalmente (MIAP) e o ‘regresso às origens’ da maioria dos seus membros permitiu que (por todos os conscientes e honestos intelectualmente) acontecesse o esperado, avizinhando-se mais um longo ciclo de governação autárquica.
O CHEGA passou de 332 para 1.727 votos (12%) votos para a Câmara Municipal, ganhando representação na Assembleia Municipal (3 deputados) e nas Freguesias (8): sem capilaridade, saiu vitorioso e terá agora a responsabilidade de provar não ser apenas um partido de crítica, antes um agente de construção autárquica.
Após o singular processo de escolha da cabeça de lista à Câmara e não abandonando o (absurdo) discurso da luta pela vitória, o Partido Socialista acaba com quase 1/3 dos votos do PSD (idem para deputados na AM e nas freguesias), conseguindo apenas uma Vereadora, tal como o CHEGA – a ingratidão do método de Hondt…
Alcançando 21% dos votos (sem MIAP na equação), a liderança partidária e sua cabeça de lista foram derrotados – sobretudo pela inacreditável narrativa da discussão da vitória (acabando na mesma situação de 2019) -, embora se reconheçam sinais positivos: o aumento de 3 para 5 deputados na AM e de 11 para 20 membros nas Freguesias mostra que o Partido Socialista tem condições humanas para fazer mais e melhor – com um renovado projeto, preparado com e para um horizonte de médio-longo prazo (não apenas a meio ano de eleições!) e encabeçado por alguém sem a imagem de derrotada/o.
Serão 4 anos de trabalho em prol dos Anadienses, parabenizando-se vencedores e vencidos, enaltecendo a dedicação e labor em prol da causa pública.
A quem governa, os votos de um trabalho que melhore os indicadores de qualidade de vida no Município.
A quem estará na oposição, os votos de uma postura propositiva e responsável, construindo alternativas reais.