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João Pacheco Matos

joaopmatos@hotmail.com

Enquadramento histórico ao “libertem a Palestina”

Considerando apenas o espaço entre o Egipto e a Pérsia/Irão, tirando estes dois países, os únicos “históricos” da região, toda aquela área foi sempre habitada por tribos e nómadas e ocupada por impérios, onde nunca se fixaram povos. Mesmo os judeus abandonaram a região quase completamente no Grande Êxodo, durante o Império Romano no ano de 77.

O último dos impérios da região foi o Otomano, aliado dos alemães na I Grande Guerra. Durante o conflito, o Reino Unido convenceu o Sharif de Meca a encetar a Revolta Árabe (1916-18) contra o Império Otomano, por troca da futura criação de um Estado Árabe. Mas em 1917, os britânicos apresentam ao Barão de Rothschild a Declaração Balfour: uma demonstração de apoio à criação do “Lar Nacional Judeu” na Terra Santa. Com o fim da Guerra e a partilha do Império Otomano, a Liga das Nações atribuiu em 1922 o “Mandato da Palestina” ao Reino Unido, para que governasse aquela região “até que eles fossem capazes de se governarem sozinhos”. Sem surpresa, o Mandato foi atravessado por guerras permanentes entre as três partes: árabes, ingleses e judeus.

É já depois da II Grande Guerra – e sob a égide da ONU – que em 1948 se dá o fim do Mandato e a divisão da região entre Israel, a Cisjordânia e Gaza, seguindo um critério demográfico na definição das fronteiras.
Mas a criação do Estado de Israel não foi aceite pelos Estados árabes, na altura ditaduras militares laicas e nacionalistas.

O Egipto ocupou de imediato Gaza, tal como a Jordânia anexou a Cisjordânia. Sem qualquer interesse no povo palestiniano, pretendiam no entanto aqueles territórios, e juntamente com a Síria, o Líbano e o Iraque, eliminar o Estado de Israel, criar o Estado Árabe da Palestina e enviar para lá os palestinianos.
Mal os ingleses abandonaram a Terra Santa, esta coligação de 5 países invade Israel que não só se defende, como alarga o seu território para lá do definido na ONU.

O Egipto e a Jordânia (apoiados pelas Nações Unidas) criaram então campos de refugiados (tal como o Líbano e a Síria) que duram até hoje à espera do fim de Israel.
Em 1967, na Guerra dos 6 dias, os governos árabes laicos são derrotados por Israel, perdem território e ficam desacreditados sendo substituídos pelo islão político com uma sociedade baseada na religião e com o objectivo comum de luta contra judeus.

Em 1964 é fundada a OLP, com o objectivo da libertação da Palestina pela luta armada. Em 1969 Arafat assume a liderança da OLP e cria a Fatah, dentro da organização. Apesar de não reunir consenso no mundo árabe, ganhou reconhecimento internacional, fixou-se na Cisjordânia e tornou-se no principal interlocutor de Israel.

Durante a guerra do Líbano em 1982, e com o apoio do Irão, foi criado o movimento xiita Hezbollah com o objectivo de defender o sul do Líbano, contra as investidas israelitas.
O Hamas, fundado em 1987, é o ramo palestiniano da Irmandade Muçulmana (movimento sunita do Egipto), inicialmente dedicado à educação, propaganda e caridade em Gaza. Israel tolerava o Hamas por serem rivais da OLP.

Em 1993, no acordo de Oslo, a OLP aceita uma governação partilhada de Gaza e da Cisjordânia reconhecendo Israel e a solução dos dois Estados em troca, o que leva a organização ao descrédito interno. O Hamas opõe-se à OLP em Gaza (tornando-se interessante ao Irão apoiá-lo) e chega ao poder em 2007.

Hoje, extremistas islâmicos querem a destruição de Israel e ultra-ortodoxos judeus querem muito mais território. Mas sabemos que Israel é o único estado democrático da região.