Lendo a História Universal que versa os numerosíssimos aspectos da vida vegetal, animal e humana, estarrecemos perante as narrações diversas sobre o aparecimento e transformação das coisas e pessoas. Não vamos, agora, dissertar sobre a criação, crescimento e multiplicação de tudo quanto constitui presentemente o mundo que vivemos e a terra que habitamos.
Também não é intuito destas linhas discutir ou fazer crer que muito ou pouco se sabe acerca do Homem e seus acessórios desde a Criação até aos nossos dias. Seria estultícia se o fizesse, uma vez que apenas uns laivos minúsculos da Ciência poderemos, talvez, conhecer.
Fascina-nos, isso sim, tudo quanto se refere ao mistério do surgimento da vida em todos os sectores mais diversos. Perante ela, só poderemos enaltecer, com humildade, o seu autor que a Fé nos faz dizer Deus.
A luz que nos envolve e faz com que, mesmo tropeçando, não caiamos abre-nos os sentidos inteligentes para podermos avaliar e agradecer tantas maravilhas sobre as quais nem os sábios podem arrogar-se conhecer na profundidade o que concerne e compõe a Natureza.
As reflexões são verdadeiramente assombrosas e necessárias, mas a conclusão para todos é que nós não passamos de míseros vermes, quase invisíveis, ante a grandeza criada. E ainda há uma agravante sem tino nem destino que é o ser humano cultivar, em todos os períodos e lugares, a prosápia da supremacia que pretende escravizar, ininterruptamente, tudo quanto surge diante de todos.
É evidente, por isso, que vêm ao de cima a intolerância humana e, concomitante ferocidade animalesca que se manifestam em todas as épocas e continentes.
Analisando o pouco que percebemos sobre animais, depreendemos que, ao longo das muitas eras, foram eles próprios fazendo selecções entre si, em lutas inacabadas. Vão-se depurando as espécies pelos séculos além. Mesmo assim, o estado de perfeição jamais chegará.
Mas também no que diz respeito à vida dos homens, somos tentados a condená-los, pois, sendo inteligentes, deveriam discernir os valores constitutivos da sua existência em tudo que é normal, para construírem, sem rebuço, a amizade, a justiça, a paz, o desenvolvimento material e moral de todos quantos trabalham para a felicidade comum.
Ora, na verdade, que observamos ou experimentamos? Desde o princípio do mundo, os homens guerreiam-se entre si e não se respeitam mutuamente. Ao longo dos tempos, milhões de “Cains” dizimaram outros tantos “Abeis” por motivos, os mais fúteis e torpes que podem ser imaginados. Os compêndios de História, realmente, fornecem-nos noções sobre a respeitabilidade ou não dos homens e grupos entre si. E que vemos? Meia Humanidade a fazer desaparecer outra meia Humanidade. Os homens a darem conta da sua baixeza moral, a insegurança a alastrar-se indecorosamente, o mundo das pessoas a entrar num estado caótico que parece não deixar descortinar o fim. A fome, a falta de trabalho, a promiscuidade em todos os cantos e esquinas, o desrespeito comum, a falta de princípios morais e, quiçá familiares, o desregramento universal, ou a descaracterização do género humano produzirão este estado caótico, sem que se descortine uma luz no final do túnel.
Lamentamo-nos por nos sentirmos impotentes para travar todos os males que assolam a sociedade que está doente e sem esperança de cura. A situação iníqua dos que não garantem o respeito pela vida do próximo convida-nos a parar e entrar na carruagem da mudança para o encontro com a felicidade que tarda e não sabemos se virá.
Deus Criador da Humanidade, que fez o mundo e os homens com vontade e bondade, toque o coração de todos e a todos amoleça para o Amor.