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Desporto // Futebol  

OBSC – União do plantel na base da subida

Jogo molhado, subida abençoada. Esta é uma gíria popular e que acaba por encaixar na plenitude de um encontro que valeu uma temporada.
O empate a zero diante do Académico de Viseu foi suficiente para que o Oliveira do Bairro Sport Clube (OBSC) assegurasse o regresso à 2.ª Divisão Nacional. Um prémio justo para o grupo de trabalho que, perante tantas adversidades, acreditou sempre que era possível devolver o clube a um lugar que foi seu durante doze épocas consecutivas.
Com o Estádio Municipal a registar a maior enchente da época (mais de 1200 pessoas) e com um apoio frenético à equipa com uma claque composta por elementos dos Super Dragões, do Benfica e do Sporting, todos unidos no mesmo objectivo, a chuva não arrefeceu os propósitos de ninguém.
Mal Raul Valega apitou para o final da partida, a festa começou logo no relvado, com os jogadores a darem largas à sua alegria, num final de tarde e noite, que se estendeu ao balneário, do jantar no restaurante Alambra (JB esteve presente a convite da direcção) e fecho no Bar de um jogador, Hugo Paulo, em Aveiro.
Os jogadores foram os principais protagonistas, eles que durante a época lutaram contra os vários meses (5) de subsídios em atraso. Dentro do campo essa limitação nunca transpareceu cá para fora, pois a grande união e espírito de grupo, um balneário que foi uma espécie de segunda família, levou a equipa a acreditar que era possível atingir a meta com semáforo verde.

Prémio para os atletas. “Os jogadores por aquilo que sofreram durante a época estão de parabéns pelo esforço e pela dedicação ao clube. É um prémio mais do que justo para eles”, disse Carlos Miguel, treinador que entrou com o pé direito nesta sua primeira aventura como treinador.
O seu adjunto, Mário Júlio, sublinhou que “foi uma época complicada. Depois da descida, o nosso objectivo esteve sempre direccionado para a subida. Muita gente pensou que iria ser fácil, mas só com muito trabalho é que conseguimos a subida”.
O capitão Paulo Costa voltou a viver mais um momento de felicidade: “Foi uma época complicada, com várias adversidades. Esta subida deve-se à família em que se tornou esta equipa. Temos um balneário fantástico, esse foi um dos segredos. É um prémio pra todos aqueles que acreditaram desde o início. É o regresso à 2.ª Divisão que bem conhecemos e temos condições para lutar por uma boa classificação.”
Pedro Monteiro, foi uma das peças do sucesso. O guarda-redes realizou uma excelente época e, no primeiro ano de OBSC, falou da subida: “Depois de tudo aquilo que passámos durante a época, este é um momento único das nossas vidas. Este é um grupo diferente, um clube histórico, que regressa a um lugar que merece.”
Também pela primeira vez no clube, Ruben Ramalho, coleccionou mais uma subida, depois de Águeda e Anadia. “Esta é a subida que mais me motivou e que tem um sabor especial. Todos sabem as dificuldades que a equipa atravessou durante a época, mas só um grupo unido é capaz de alcançar a subida de divisão.”
Director Desportivo há cinco épocas, Zé Alves “Polícia” foi, ao longo da época, um dos elementos que mais sofreu no banco de suplentes. Emociona-se nas vitórias e nas derrotas, quando vê que não houve imparcialidade das equipas de arbitragem, vive cada jogo como se fosse o último. No final, emocionado, disse da sua justiça: “Quero agradecer a todo o grupo de trabalho e a todo o pessoal que esteve sempre connosco e que sempre acreditou na subida de divisão. Aqueles que não acreditaram também estão de parabéns, pois deram-nos mais força para atingir o nosso objectivo. Por tudo aquilo que os jogadores viveram ao longo da época, merecem esta subida.”

Clube merece. Depois de apanhar um “banho” dos jogadores, o presidente, Carlos Ferreira, comentou a subida de divisão: “Foi uma subida merecida e muito sofrida, com muitas dificuldades financeiras, com meses de subsídios em atraso. Os jogadores são os grandes campeões. Deram tudo por tudo nesta ponta final do campeonato para irem para uma divisão em que merecem estar, tal como o clube e a cidade”.
Sobre a sua continuidade como presidente do OBSC, Carlos Ferreira foi evasivo na resposta: “Vamos ver. Os sócios é que irão decidir. A minha ideia não é continuar.”
A Direcção do OBSC agradece a todos os sócios e simpatizantes que estiveram presentes no jogo decisivo, pelo apoio incondicional que prestaram à equipa. Os dirigentes deixaram ainda um agradecimento ao Restaurante Pataco, que ofereceu o almoço à equipa sénior.
Manuel Zappa
zappa@jb.pt