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Anadia // Bairrada  

Anadia: Fotógrafo Miguel Rolo distinguido em Riga como Master QE

O fotógrafo anadiense Miguel Rolo acaba de ser distinguido em Riga, Letónia, com o mais alto grau de Mestre Fotógrafo Europeu (MASTER QEP) pela Federação Europeia de Fotógrafos (FEP). Um painel de juízes qualificadores, constituído por sete elementos internacionais, foi unânime na sua decisão, ao atribuir esta distinção máxima a um único fotógrafo da europa, o anadiense Miguel Rolo.
Esta distinção “ao mais alto nível” é, segundo a APPImagem (Associação Portuguesa dos Profissionais da Imagem) “fruto da excelência do trabalho apresentado”, considerando aquela associação que Miguel Rolo “deu mostras internacionais que os fotógrafos portugueses, estão ao nível dos melhores do mundo”.

Trabalho gratificante. A JB, Miguel Rolo revela que este prémio é, antes de mais, “fruto de um trabalho que teve por base um total de 5 mil fotografias tiradas ao longo dos últimos meses, entre novembro e março, no Hospital Psiquiátrico Conde Ferreira, no Porto.”
“Estive a fotografar, a convite do realizador Jorge Pelicano, para o projeto transmedia”, revela, avançando ter aceite o desafio de fazer um documentário fotográfico naquele local que “ainda é um tabu para muita gente”.
“Foi um trabalho que me marcou muito enquanto ser humano porque, embora ainda persista aquele preconceito de «loucos» e de «degradação humana», encontrei naquele hospital o inverso, pessoas nada agressivas, mas a precisarem de muito afeto e carinho”, acrescentou.
Embora admita sempre ter acreditado que as 20 fotografias apresentadas lhe pudessem valer a distinção, sabia o quão difícil seria, tratando-se de uma distinção internacional.
“Foi num trabalho que me marcou muito, pois a quase totalidade das fotos – a preto e branco – foram tiradas de forma discreta e com bastantes limitações técnicas”, refere o jovem fotógrafo, que conta também que o objetivo do seu trabalho foi plenamente alcançado, já que conseguiu passar a mensagem diferente daquele espaço: “dignidade, respeito, carinho, afeto, amor”.
Contudo, confessa que “as dificuldade a todos os níveis da técnica, as limitações e restrições impostas, por se tratar de doentes mentais, tornou o trabalho mais aliciante e um desafio”.
Quanto à distinção, diz ser o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido: “o difícil foi mesmo escolher apenas 20 fotos das cerca de 5 mil tiradas”, já que para se candidatar ao grau Master só podem ser enviadas 20 fotos e já ter sido alcançado o CAP.
De resto, até ao momento, apenas 44 fotógrafos europeus de topo receberam o Grau de Mestre pela qualidade do seu trabalho.
Em Portugal, há cinco profissionais com este grau, a saber: André Boto; Jerónimo Heitor Coelho; José Cruz; Luís Miguel Araújo e agora Miguel Rolo.
A JB adianta ainda que o “prémio não muda nada, apenas aumenta a minha responsabilidade”, ciente de que terá de ser, cada dia, mais exigente a todos os níveis.
“A distinção é prestigiante não só para mim, mas também para a classe, para a associação e para o país”.

Carreira. O fotógrafo anadiense, que pertence à Associação Portuguesa dos Profissionais da Imagem), nasce em Anadia a 12 de março de 1973.
Aos 17 anos, começou a trabalhar num estúdio de fotografia. Quatro anos mais tarde, passou a trabalhar num laboratório industrial de fotografia em Coimbra, num grupo empresarial de renome, com créditos firmados no mercado profissional da fotografia.
Em 1997, abriu o seu próprio estúdio de fotografia. E foi aí que tudo começou de uma forma ainda mais séria e determinada.
Miguel Rolo criou a sua própria imagem, o seu estilo muito peculiar. Mas, não obstante, sublinha que não tem segredos, apenas uma forte sensibilidade para trabalhar a luz e as perspetivas de enquadramento.
Assume-se como um fotógrafo que cultiva, no exterior da profissão, um estilo low-profile, com resultados qualitativos inversamente proporcionais à discrição que usa no decorrer do trabalho de captação de imagem.
Embora não avance muito sobre o futuro, admite que está aberto a novos projetos , mas confessa que gostaria de realizar um trabalho arrojado sobre a Bairrada de forma a levar o nome da região mais longe.

Catarina Cerca