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Anadia // Bairrada // Tamengos  

Curia: Derrapagem nas contas da WRC preocupa deputados

Pelo primeiro ano, desde a sua criação em 2002, a WRC – Web para a Região Centro, Agência de Desenvolvimento Regional, localizada no Curia Tecnoparque apresentou resultados negativos.
Uma situação levantada na última assembleia municipal de Anadia, tanto pelo deputado Sidónio Simões, do CDS/PP como pelos deputados Ricardo Manão e José Manuel Carvalho, do PSD. Todos se mostraram preocupados com o facto da empresa apresentar estes resultados, em 2014.
A edil Teresa Cardoso explicou que a Câmara Municipal (principal acionista, detentora da maioria do capital) “fez refletir nas contas a sua participação social, o que não tinha acontecido até agora”. Por isso, diz não ter existido “qualquer injeção de dinheiro”, apenas “se fez refletir nas contas do Município, conforme recomendação dos Revisores de Contas da própria WRC e do Município.” Ou seja, o município reconhece nas suas Contas uma provisão no valor de cerca de 464 mil euros, correspondente ao valor proporcional à sua participação na WRC, para fazer face à diminuição do seu capital social, que se tem vindo a depreciar ao longo destes anos pelos sucessivos resultados líquidos negativos. E são precisamente estes resultados negativos que alarmaram os deputados.

Deputado do CDS/PP foi o mais crítico. O deputado centrista, Sidónio Simões, foi o mais contundente e na ocasião disse que a “WRC está em perigo de continuidade por não cumprir rácios obrigatórios segundo o Código das Sociedades Comerciais”, acrescentando que só não encerrou porque a Câmara Municipal assumiu o défice. Por isso, falou em “falência técnica”. “Se não fosse a Câmara Municipal a entrar com o dinheiro, a WRC desaparecia”, disse, questionando ainda se a WRC “vai continuar a dar prejuízos”.

PSD preocupado com o prejuízo apresentado. Também o deputado Ricardo Manão, do PSD, se referiu a uma “situação preocupante da WRC, que no final do ano 2014 apresenta uma situação eminente de perda de mais de metade do capital, o que coloca em causa o Pressuposto da Continuidade, conforme preconizado no art. 35.º do Código das Sociedades Comerciais”. Por seu turno, José Manuel Carvalho disse que “das entidades participadas: o valor de participação em capital na WRC pela Câmara de Anadia é de 952.000 euros, quase um milhão de euros, para a relação comercial não ultrapassar os mil euros”.

Sustentabilidade. Teresa Cardoso rejeita que se diga que a autarquia esteja a suportar qualquer défice. “É certo que as Câmaras ou outros acionistas deveriam ser os primeiros a manifestar o interesse, o que também nem sempre é tão simples porque os Municípios atravessam, na sua maioria, algumas dificuldades financeiras, mas também porque estão sujeitas ao cumprimento da lei dos compromissos e também às regras da contratação pública”. Por outro lado, diz que “a WRC tem a seu cargo a Incubadora de Empresas e a Universidade Sénior, serviços uns mais rentáveis do que outros”, acrescentando ainda que a WRC teve também o seu grande apoio no QREN, através de diversas candidaturas que realizou, estando agora atenta ao novo quadro comunitário de apoio, espreitando as oportunidades que o mesmo possa oferecer aos seus projetos e aos seus associados.”
Quanto à sustentabilidade da WRC, admite que “depende da contratação de serviços que a mesma consiga realizar com os seus associados ou mesmo com os não associados”, mas também da angariação financeira designadamente do novo quadro comunitário de apoio para os seus projetos e ações” e destaca que a WRC não tem dívidas a terceiros e apresentou resultados líquidos positivos antes dos impostos.
Acrescente-se que a WRC surgiu em 2002, com o principal objetivo de intervir e desenvolver ações ligadas à sociedade da informação e à nova economia na Região Centro. Resultou de uma iniciativa da CCDR-C, à qual aderiram como sócios um conjunto de Câmaras Municipais da Região Centro (42), a Universidade de Aveiro, o Instituto Politécnico de Coimbra, a Associação de Informática da Região Centro (AIRC) e ainda um conjunto de empresas de base tecnológica.
Apesar dos esforços, não nos foi possível obter uma reação de Pedro Maranha, da administração da WRC.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt