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No Museu do Vinho, em Anadia: Consagração do fotógrafo Miguel Rolo na sua terra natal

O jovem fotógrafo anadiense Miguel Rolo foi homenageado pelo município de Anadia na tarde do último domingo, durante a inauguração de mais um ciclo expositivo temporário patente ao público até outubro, no Museu do Vinho Bairrada, em Anadia.
A par das três exposições de Miguel Rolo, considerado “um dos melhores fotógrafos do mundo”, a autarquia de Anadia inaugurou uma outra mostra, de 57 caricaturas, de Cristiano Ronaldo, vencedora do Prémio Especial de Caricatura do PortoCartoon World Festival 2015. Uma vez mais, pela mão do Museu Nacional da Imprensa, estão patentes mais de meia centena de cartoons que ilustram, com muito humor, os traços e gestos inconfundíveis do craque português.

Homenagem justa e inteiramente merecida. Numa tarde dedicada aos campeões, esta foi, sobretudo, de consagração para o fotógrafo Miguel Rolo, premiado em certames nacionais e internacionais.
Isso mesmo foi vincado, na ocasião, pela edil anadiense Teresa Cardoso: “Miguel Rolo que, na sua simplicidade e anonimato gosta de estar recatado, mas que tem de ser desafiado porque alcançou um patamar de excelência que a maioria dos anadienses e os portugueses desconhecem e que está, hoje, na lista dos melhores fotógrafos da Europa e do mundo.” Razões mais do que suficientes para justificar “este justo reconhecimento pelo município de Anadia.”
Quanto às exposições agora inauguradas, Teresa Cardoso classificou-as como “um misto de bairrismo e patriotismo”, referindo-se em primeiro, a Miguel Rolo, mas também, ao enorme sentido de oportunidade da exposição alusiva a Cristiano Ronaldo.
Os 57 cartoons estão expostos numa sala do Museu, onde a parede pintada de verde e vermelho nos remete para a bandeira nacional, para as cores da seleção portuguesa.
Esta mostra do Prémio Especial de Caricatura reúne, assim, os trabalhos vencedores, as menções honrosas e as restantes caricaturas finalistas, da autoria de cartoonistas da Bolívia, Brasil, Bulgária, Colômbia, Egito, Espanha, Irão, Quénia, Polónia, Portugal, Roménia, Rússia, Tailândia e Turquia, entre outros.
O vencedor foi o polaco Krzysztof Grondziel, tendo o segundo prémio sido atribuído ao português António Santos (Santiagu) e o terceiro ao brasileiro Renato Aroeira.

Fotógrafo de nível mundial. Ainda durante a cerimónia, Jorge Sampaio, vice-presidente da autarquia anadiense, destacaria o facto de “Miguel não ser um dos melhores fotógrafos da Europa, mas um dos melhores do mundo.”
“Basta pesquisar um pouco o seu currículo e rapidamente se conclui que é um fotógrafo de nível mundial”, diria. Por isso, considerou inevitável que o Museu (que procura expor sempre trabalhos dos melhores), mais cedo ou mais tarde, viesse a expor os trabalhos de Miguel Rolo.
“Há anos que o andamos a desafiar, a conversar, mas o Miguel não se queria mostrar muito. Mas agora tinha de ser”, concluiu Jorge Sampaio, para quem a inauguração de uma exposição sobre o melhor futebolista do mundo ‘casa’ perfeitamente com uma mostra de um dos melhores fotógrafos do mundo.
São sete dezenas de fotografias repartidas por três exposições, duas delas já amplamente premiadas.
A exposição relativa às noivas é uma exposição que mostra o lado sensual de uma noiva e que mereceu vários prémios. “É uma exposição que nos mostra uma forma diferente do que pode ser uma fotografia de noiva, com um olhar fantástico que só o Miguel consegue reproduzir, com uma luz fantástica que só o Miguel consegue captar”, frisou o vice-presidente da autarquia de Anadia. Trabalhos que valeram a Miguel Rolo galardões como Fotógrafo Especialista em Casamentos pela Associação de Fotógrafos Profissionais de Portugal (2011), Fotógrafo Europeu Qualificado pela Federação Europeia de Fotografia (2012), Master QEP – Qualifier European Photographer (2014), finalista do World Photograpfic Cup (2015) e finalista a Fotógrafo Europeu do Ano, pela Federação Europeia de Fotógrafos (2016), entre muitos outros.
Jorge Sampaio falou ainda daquela que é, talvez, uma das mostras mais marcante de fotografia que passou por este espaço.
“É uma exposição que nos toca profundamente a todos. Que nos mostra com uma enorme força a personalidade de pessoas doentes, que estão naquele hospital psiquiátrico e que sofrem”, sendo, a seu ver, “uma das melhores exposições que já vi em toda a minha vida.” Fantástica e merecedora de toda a atenção, este é um trabalho que não deixa ninguém indiferente: “merece que lhe dediquemos horas”, acrescentou.
De referir ainda que esta mostra resulta da participação de Miguel Rolo no documentário “Pára-me de repente o pensamento”, do realizador Jorge Pelicano, ou seja, as fotografias que Miguel Rolo produziu para este projeto cinematográfico amplamente premiado tem como cenário o Hospital Conde de Ferreira, “a primeira construção de raiz feita para a psiquiatria em Portugal”, e que retrata aspetos da “vida que se repete nos espaços de um hospital psiquiátrico”, onde “a lucidez e a loucura vivem juntas”.
A mostra sobre o património vitivinícola da Bairrada nas suas diversas facetas constitui uma outra exposição a não perder.
Uma vez mais, o perfecionismo do trabalho de Miguel Rolo está patente em cada uma das imagens que captou (paisagem natural, caves e adegas, gentes, vinhos), num trabalho que resulta de um desafio que o município de Anadia lhe fez.
Sobre este trabalho, Jorge Sampaio revelou que dentro de algum tempo será apresentado algo mais sobre este projeto “Anadia terra de paixões”. Daí que, ainda que em jeito de brincadeira, tenha revelado que para este trabalho Miguel Rolo não se limitou a tirar 100 ou 200 fotografias mas sim 13 mil: “a primeira vez (de várias) que fui ao atelier do Miguel escolher fotografias, virou-se para mim e disse são só 13 mil fotografias.”
Imagens que valem mil palavras e que vão servir de suporte a um outro trabalho que será apresentado em breve.

“Alma” é a câmara que utiliza. Ainda que contra a sua vontade, Miguel Rolo, sempre avesso a intervenções públicas, mostrou-se muito satisfeito por expor parte do seu trabalho neste espaço especial e emblemático de Anadia.
Na ocasião, destacou que nos seus trabalhos a única câmara que utiliza “é a alma”, assim como agradeceu aos “persistentes” que com ele trabalham. Numa tarde de alegria, apenas um desabafo amargo ao lamentar que não seja do conhecimento geral as vitórias da equipa nacional de fotografia, a nível mundial: “Há três anos a equipa nacional de fotografia obteve o 3.º lugar a nível mundial; no ano passado alcançou o 2.º lugar (Miguel Rolo fez parte desta equipa) e este ano esta equipa foi campeã mundial de fotografia no World Photographic Cup 2016. Não houve grande feed-back disso em nenhum órgão de comunicação social.”
Catarina Cerca