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Ciclismo // Desporto  

Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) vence 83.ª Volta a Portugal

No ano passado, Portugal abriu-lhe as portas e o uruguaio assinou com a Efapel, equipa que está agora sediada em Águeda e que nesta temporada passou a chamar-se Glassdrive-Q8-Anicolor.

Mauricio Moreira venceu a 83.ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta, após ser o mais veloz no contrarrelógio individual de ontem e que fechou a prova rainha. O pódio acabaria por ser todo ocupado pelas cores da Equipa Profissional de Ciclismo Glassdrive / Q8 / Anicolor, com Frederico Figueiredo a terminar no 2.ª lugar da Geral Individual e coroado Rei da Montanha e António Carvalho 3.º classificado.

A estrutura que tem sede em Águeda terminou esta segunda-feira uma Volta a Portugal de sonho. Liderou a Geral Individual do primeiro ao último dia, tal como a Geral coletiva. No total são cinco vitórias que a Glassdrive / Q8 / Anicolor leva para casa: Prólogo, Serra da Estrela, Observatório de Vila Nova, Senhora da Graça e Contrarrelógio Individual.

O contrarrelógio final entre o Porto e Gaia confirmou o favoritismo que desde início foi atribuído ao uruguaio de 27 anos que corre com as cores da Glassdrive-Q8-Anicolor, equipa sediada em Águeda.

Mauricio Moreira rematou a 83.ª Volta a Portugal Continente com o melhor tempo nos 18,6 quilómetros da última etapa e nas contas finais da Volta facilmente alcançou a primeira posição com mais de um minuto de vantagem sobre o companheiro de equipa Frederico Figueiredo, anterior líder, que baixou ao segundo lugar da Classificação Geral.

Figueiredo partiu para o último dia com apenas sete segundos de vantagem e a missão de manter a Amarela era complicada. Acabou por fazer mais 1:16 minutos do que o uruguaio no contrarrelógio, ou seja, na Geral ficou a 1:09.

“Não tenho palavras para descrever o que estou a sentir neste momento, afirmou emocionado Mauricio Moreira. “Ainda não caí na realidade. Quando acordar deste sonho é que vou perceber. Acho que vou chorar de novo! Sem dúvida que é o momento mais feliz.” O vencedor aproveitou para lembrar o ano difícil que teve. “Era um sonho ganhar a Volta. Nesse sonho não contava disputá-la com um colega de equipa. O Fred (Frederico) é um senhor. Ontem (na etapa da Srª da Graça) poderia ter ganho a Volta, mas não fez isso, respeitou-me”, acrescentou Moreira, realçando o companheirismo na Glassdrive-Q8-Anicolor e mostrando-se muito satisfeito com o triunfo e por ter a família por perto.

A equipa comandada por Ruben Pereira, o diretor desportivo mais novo das 18 equipas que discutiram a prova, conseguiu um dia inesquecível na margem do Douro.

Rúben Pereira faz um “balanço muito positivo” desta Volta, realçando que “é sempre difícil quando são dois colegas de equipa a disputar, mas foi uma decisão do Frederico, o melhor ciclista português da atualidade. Foi uma decisão dele, vestiu a Camisola Amarela, tal como o Mauricio e ganhámos todos. O que conta é todo este ambiente e espírito da equipa. Hoje fomos os mais fortes, mas desde o ano passado acumulámos quase 20 vitórias, este ano são 23, o que significa que temos dominado desde a época passada”.

Além de vencer a Volta, ocupou totalmente o pódio junto à Ponte D. Luís porque António Carvalho conseguiu na derradeira etapa o segundo melhor tempo, a 21 segundos de Moreira, e garantiu o terceiro lugar à Geral, ficando a equipa dos “amarelos” com as três posições finais da Volta. Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), que ocupava a terceira posição, baixou ao quarto posto, após o contrarrelógio.

Quem espera sempre alcança

Com o triunfo de Mauricio Moreira terminou uma década de espera da formação agora sediada em Águeda para ver um ciclista ganhar a Volta. Foram 11 dias sempre de Camisola Amarela Continente. De Rafael Reis, o símbolo da liderança conquistado no Prólogo de Lisboa, passou para Mauricio Moreira, “saltou” para Frederico Figueiredo que a cedeu no contrarrelógio novamente ao uruguaio.

A Glassdrive conquistou cinco etapas, todas as de montanha e os dois esforços individuais e, além de vencer ainda coletivamente, viu Frederico Figueiredo a sagrar-se Rei da Montanha, garantindo a Camisola das Bolinhas Europcar. Moreira também ficou com o Prémio Combinado Carclasse.

O norte americano Scott McGill (Wildlife Generation) e Jokin Murguialday (Caja Rural-Seguros RGA) foram os únicos que quebraram a hegemonia na consagração dos vencedores. O primeiro foi o melhor na Classificação dos Pontos, Camisola Verde Rubis Gás, e o espanhol foi o melhor jovem, ficando com a Camisola Branca Jogos Santa Casa.

De Lisboa a Gaia, com passagem por Badajoz, a Volta 2022 fez-se durante 11 dias e praticamente 1560 quilómetros. Em 2023, o encontro fica marcado para a cidade de Viseu, já anunciada como ponto de partida da 84.ª Volta a Portugal Continente.

Do Uruguai a Águeda

Filho do ciclista Federico Moreira, Mauricio não esconde que era difícil não enveredar pela modalidade. Nasceu em Salto, no Uruguai, e viveu intensamente o ciclismo na juventude devido ao pai. Na adolescência começaram as primeiras aventuras no sonho de chegar a profissional.

Sabia que teria de viajar para a Europa para chegar mais alto. Em 2016 integrou a equipa amadora da espanhola Caja Rural, onde conseguiu algumas vitórias. Ainda subiu à formação principal, dois anos depois, mas em 2020 optou por regressar a uma estrutura amadora, a Vigo-Rias Baixas.

No ano passado, Portugal abriu-lhe as portas e assinou com a Efapel, equipa atualmente sediada em Águeda e que nesta temporada se chama Glassdrive-Q8-Anicolor. Venceu a Volta ao Alentejo e viria a ser segundo na Volta a Portugal, perdendo por apenas dez segundos por causa de uma queda no último dia.

Este ano chegou ao topo, confirmando o favoritismo que lhe era dado quando partiu de Lisboa.

Em duas épocas em Portugal, Mauricio Moreira construiu um palmarés que inclui a conquista das duas mais míticas subidas da Volta a Portugal: Senhora da Graça (2021) e Alto da Torre (2022).