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Águeda // Sociedade  

Fermentelos: Maestro João Neves morre aos 72 anos de idade

João Neves lutava contra doença oncológica e não resistiu. Para memória ficam muitas páginas douradas na música e na cultura deste país.

O maestro João Neves, de Fermentelos, faleceu esta sexta-feira, dia 19 de maio, vítima de doença prolongada fermentelense. Tinha 72 anos de idade.

Natural daquela freguesia do concelho de Águeda, João Constantino Duarte Neves iniciou a sua ligação à música aos 10 anos de idade na própria Banda Nova de Fermentelos, onde foi maestro durante vários anos.

Aos 16 anos prossegue estudos no Conservatório de Música de Aveiro. Mais tarde e já no Conservatório Nacional de Lisboa, frequentou o curso de violoncelo que concluiu com 19 valores. Ingressou em 1970, como clarinetista, na Banda da Guarda Nacional Republicana. Nesta Banda e já como violoncelista, foi chefe de naipe e solista até ao posto de Sargento – Chefe. Dirigiu também durante alguns anos e até à reforma no início de 2002, a Banda Marcial da GNR de Lisboa e a respectiva Orquestra Ligeira e ainda algumas vezes como músico, outras como maestro, integrou a Orquestra de Câmara da GNR.

João Neves foi músico da Orquestra Sinfónica Juvenil no seu primeiro concerto e outros. Em 1973 entra para a Orquestra Filarmónica de Lisboa – Orquestra de Ópera do Teatro Nacional de S. Carlos – passando em 1976 para a Orquestra da Radiodifusão Portuguesa, ficando desde aí a pertencer à Regie Sinfonia, com a qual, como melhor Orquestra Portuguesa naqueles anos, entre outros concertos, acompanhou Luciano Pavaroti, José Carreras, Monserrat Caballé, Teresa Berganza, entre outros.

Em 1991 formou o Quarteto de Cordas de Almada, tendo fundado também o Ars Música, composto por solistas da GNR. Além do curso de violoncelo do Conservatório Nacional, frequentou também os cursos de violoncelo de Santiago de Compostela (Espanha), da Costa do Sol (Estoril), o de Música de Câmara no Conservatório Nacional e o de Maestro de Juventude Musical, no qual foi discípulo do Maestro Herbert Jonis e outros.

Em 1993 organizou o 1.º Festival de Banda Militares das Festas da Cidade de Lisboa que decorreu no Teatro Maria Matos, tendo sido também o responsável pelo programa de encerramento de Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura no que respeitou à participação de Bandas Civis. Foi dinamizador do Centro Comercial Amoreiras onde tem proporcionado actuações a Grupos Corais, Artistas Variados, Ranchos Folclóricos e às melhores Bandas de Música do país.

Preparou com Amália Rodrigues o seu último espectáculo que decorreu no Coliseu de Recreios e no qual dirigiu a orquestra que acompanhou a grande fadista. Em 1978/79 dirigiu o Coral da vizinha vila de Oiã. 7

Como maestro de Bandas Filarmónicas iniciou a sua actividade em 1980 na Banda 12 de Abril e a sua Juvenil, de Travassô onde se manteve durante 5 anos. De 1982 até 1989 dirigiu também a Banda Perpétua Azeitonense e a Juvenil da mesma. Dirgiu a Banda Nova de Fermentelos e a Banda Matos Galamba – Alcácer do Sal, as suas orquestras juvenis e ligeiras, sendo também o responsável pelas Escolas de Música daquelas Bandas.

A Banda Nova de Fermentelos gravou 11 CD´s e 2 Cassetes Video sob a sua direcção e 1 LP com a sua participação como músico. Também gravou com a Matos Galamba. A Banda Nova, Matos Galamba e a Camerata Amoreiras, fizeram ainda muitos concertos a acompanhar cantores e cantoras (com destaque para o tenor Carlos Guilherme), grupos corais e solistas, sempre com a direcção de João Neves.

Mais recentemente, compôs o hino “Fermentelos – Vila da Música”, que passou a ser o hino oficial daquela vila, tendo sido apresentado no ano passado.

Ficam estas e outras marcas deste homem e músico extremamente dedicado e competente, que muito deu em prol da formação de jovens músicos e do desenvolvimento qualitativo das Bandas que dirigiu