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João Pacheco Matos

joaopmatos@hotmail.com

Imigração: mais famílias e menos rapazolas

A questão da imigração deve ser pensada sob três pontos de vista.

O mais imediato é o económico: mão de obra para as empresas, aumento do consumo, mais trabalho a ser feito, PIB.

O mais preocupante é o demográfico. Somos dos países mais envelhecidos do mundo. Os pensionistas devem perceber que uma parte das suas reformas já é paga pelos descontos de imigrantes. E que se não forem os imigrantes, terão cortes nas pensões em breve.

Mas o mais importante é a integração familiar – e é sobre este ponto que me quero debruçar.

Dos vários erros que vejo no pacote legislativo sobre a imigração, a alteração ao reagrupamento familiar é o mais grave.

Há vários estudos feitos na Europa e nos EUA que demonstram correlação entre imigrantes bem integrados e diminuição de criminalidade. Sim! Por exemplo, Bell e Machin, da London School of Economics, demonstram no estudo Immigrant enclaves and crime que num bairro com 20% ou 30% de imigrantes, a criminalidade desce significativamente.

Bairros com comunidades integradas de imigrantes ficam mais seguros. É verdade!

Porém, a criação de comunidades coesas e integradas na sociedade, faz-se com famílias. Na escola, através do desporto local para os jovens, com pequenos negócios familiares, com crianças, com aprendizagem do português, com laços de vizinhança. Com os valores que, curiosamente, são defendidos pela direita: família, comunidade, empreendedorismo, igreja.

É por isso estranho que seja um governo AD a criar dificuldades e limitações ao reagrupamento familiar. Quem se integra melhor? Uma família, pai, mãe e filhos, a viver em conjunto de acordo com as regras do país e de boa vizinhança, que se cruzam com a sociedade? Ou um conjunto de rapazolas de vinte e tal anos, sem família presente, que se juntem em bando, “guetizados”, sem contacto com a nossa cultura, sem falar português, com costumes muito diferentes, sem razões familiares para se integrarem? A resposta parece óbvia.

A criminalidade ligada à imigração tem a ver com dois factores – nenhum deles referido pelos políticos nem pelos media e em ambos os casos, no final, sem distinção para os portugueses nas mesmas condições:

  • A pobreza e a falta de protecção, que leva à falta de esperança. Mais do que nos imigrantes que chegam agora, nos de 2ª e 3ª geração, filhos dos que chegaram há décadas. Não é raça ou religião. É falta de integração e de acesso à educação.
  • Imigrantes jovens adultos de sexo masculino sozinhos, reunidos em bando, sem família e sem laços ao sítio onde vivem. Independentemente do país, do credo ou da cor, potencialmente vão fazer “asneiras”. Já ouviu falar em masculinidade tóxica?

Sugeriria ao governo que invertesse os seus critérios, dando prioridade aos imigrantes que venham em família, pois são estes que se vão integrar melhor e ficar – em vez de usarem Portugal como trampolim para outros países da UE. E por outro lado, dificultar quem quer entrar sem família, sobretudo homens, que depois funcionam em lógica de tribo.

Sim, acabar com o faroeste da declaração de interesses foi positivo, mas é preciso incentivar o reagrupamento familiar, que é a melhor base de integração.

É estranho que a direita não perceba que os seus valores tradicionais são a base de uma integração de sucesso.

Reitero a ideia do meu artigo pós eleições europeias: o tema imigração não dá força ao Chega. O problema surge com a falta de políticas públicas de integração. O centro e norte do país está cheio de imigrantes, mas o Chega não consegue ter a expressão que apresentou da grande Lisboa para sul. Porque no centro e norte, as políticas públicas são muito mais eficazes.

Achar que se combate o populismo usando as suas bandeiras, já vimos noutros lados, não resulta.