Não posso, não devo nem quero falar contra os meios técnicos que enxameiam a sociedade dos nossos dias. Quando muitos de nós viemos ao mundo, é evidente, não existia quase nada que nos ajudasse a avaliar muito daquilo que se nos passava à frente dos olhos em inúmeros compartimentos de qualquer tarefa pessoal ou comum.
As Empresas no seu desenvolvimento dependiam da força braçal de todos os operários, dispostos ao emprego de energias vitais. Poderá dizer-se que, aí, os homens, na verdade, mostravam todos os seus valores físicos, acompanhados pelas atitudes morais de educação e apego ao trabalho que haveria de trazer resultados palpáveis e úteis a uma comunidade que, pouco a pouco, se iria abrindo para outros métodos aos quais se ajustaria a exigência de uma posição diferente na vida dos aglomerados humanos.
A Técnica foi sendo desenvolvida ao longo de anos e anos, descobrindo e mostrando potencialidades inauditas, constantemente procuradas pela mente inteligente de artistas, artífices ou cientistas.
Chegámos a este universo moderno, ou melhor, já nascemos com as lides humanas transformadas, ainda não tanto, é evidente, como nos dias que correm e vivemos. Admiramo-nos, com tudo e com todos.
Criticamos e até, por vezes, procuramos denegrir determinadas descobertas, como ainda abraçamos e embebecemo-nos no seio de sectores desenvolvidos que nos fazem entusiasmar porquanto desfrutamos as novidades aparecidas.
Tudo nos é necessário e útil. Só que não podemos ser autómatos, cataventos, escravos ou robots. Teremos de nos afirmar como personalidades insubstituíveis, embora ajudados a ver a vida e o mundo com o auxílio dos meios técnicos que nos são outorgados por grandes inteligências. Todavia, a máquina em si mesma não pode destruir o que é a liberdade e o saber de cada um. Não estamos sujeitos à técnica, contudo, teremos de aprender a lidar com ela, argamassando os nossos pensamentos naquilo que ela nos possa ajudar, mas nunca substituir.
Um exemplo bastante esclarecedor, entre a multidão de outros, é o telemóvel que domina a modernidade, sendo acomodado e adequado a qualquer momento.
Para isso houve alguém muito sabedor que pôs dentro dele ideias e práticas as quais quem o maneja acaba por cair na preguiça de pensar, uma vez que o tal telemóvel tem consigo uma infinidade de situações a fazerem imaginar que tudo nele está no píncaro da sabedoria enquanto o homem pode ficar, talvez, na mais abissal dependência.
Tais aceitações, sem mais, poderão levar a que muitos esqueçam a convivência amiga e o respeito por quantos gravitam e trabalham sem tempo a perder.
Não esqueçamos, por exemplo, as tantas ocasiões que sucedem nas zebras de estrada, onde jovens e menos jovens são capazes de parar a ouvir e a responder a alguém que está do outro lado. Assim, quem trabalha que espere.
É frustrante para todo aquele que labuta a ferro e fogo, com os minutos do relógio a pautarem fadigas e outros pormenores, ter de paralisar urgências por causa do pulular de tantos falantes que, de fios dependurados nas orelhas, escarnecem os verdadeiros obreiros no seu dia fervente.
Quando a técnica quiser ultrapassar a inteligência e capacidades humanas naturais, dadas por Deus a cada um, ponhamo-la de parte e não nos importemos de viver como que uma experiência de trogloditas. Nesse momento, somos naturais, genuínos, livres.
Cuidado, pois, não nos permitamos voltar ao tempo de escravatura.