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Cantanhede // Sociedade  

Crioestaminal, de Cantanhede, avança para semana de trabalho de quatro dias

A medida agrada aos cerca de 70 colaboradores, que admitem assim poder “desligar” e “dedicar-se a outras atividades”, com claros benefícios para a sua saúde mental.

A Crioestaminal, laboratório de células estaminais sediado no Biocant Park, em Cantanhede, vai participar no projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, promovido pelo Governo. Durante seis meses, a cada quinze dias, os colaboradores da Crioestaminal vão passar a trabalhar menos horas semanais, mantendo os seus salários e benefícios.

A Crioestaminal acredita que esta iniciativa pode trazer benefícios significativos quer para os colaboradores, contribuindo para um ambiente de trabalho saudável, pautado pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, quer para a empresa, ao nível da produtividade e atração e retenção de novos talentos.

A medida agrada aos cerca de 70 colaboradores, que admitem assim poder “desligar” e “dedicar-se a outras atividades”, com claros benefícios para a sua saúde mental. A maioria disse preferir a sexta-feira como dia livre, outros referiram a segunda-feira. “Temos de ter um sistema de escala”, de forma a continuar a trabalhar os sete dias por semana, explicou Mónica Brito, CEO da Crioestaminal.

A semana de quatro dias tem sido amplamente discutida como forma de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também a produtividade e competitividade das empresas. A iniciativa do Governo é uma das primeiras tentativas de testar essa abordagem em grande escala.

Colaboradores terão mais tempo livre “para fazerem o que desejarem”

A flexibilidade no trabalho faz, desde sempre, parte da cultura da Crioestaminal, afirma Alexandra Mendes, diretora de Recursos Humanos da Crioestaminal, que frisa mesmo que “este projeto aparece na altura certa”. “A Crioestaminal completa 20 anos em 2023 e consideramos que estamos na altura de dar o salto para uma nova forma de trabalhar, que acreditamos ser o futuro no mercado de trabalho. Uma forma que dê mais tempo livre aos colaboradores, para fazerem o que desejarem”, refere.

Também o economista e coordenador do projeto-piloto, Pedro Gomes, sublinha que “a Crioestaminal é uma empresa do século XXI, numa indústria do século XXI. Está na fronteira da tecnologia, mas não se acomoda: continua a investir em I&D e a inovar. A sua participação neste piloto atesta esse espírito inovador, que todos queremos para a nossa economia”.

“O trabalho preparatório desenvolvido pela Crioestaminal ao longo dos últimos três meses foi exemplar, sendo notório o esforço de aprendizagem com exemplos internacionais. A diversidade de funções dentro da empresa, desde os laboratórios à parte comercial, gera uma maior complexidade de implementação. A Crioestaminal é um exemplo exímio de como lidar com esta complexidade, oferecendo, em simultâneo, múltiplas soluções para acomodar uma redução da semana de trabalho”, acrescenta Rita Fontinha, co-coordenadora do projeto-piloto e especialista em recursos humanos.

Novo modelo de trabalho

Repensar e reestruturar a forma como o trabalho é realizado é fundamental para garantir que a mudança para uma semana de trabalho mais curta seja efetiva e sustentável. Assim, a transição para a redução de horas semanais vai implicar a revisão completa dos processos de trabalho dentro da empresa, o que pode incluir medidas simples, como a otimização da duração das reuniões e do número de participantes, a criação de métodos de trabalho que evitem interrupções ou a adoção de novas tecnologias /softwares.

Como tal, está a ser desenvolvido um novo modelo de trabalho, com a ajuda da 4 Day Week Global, de forma melhorar a produtividade diárias e as dinâmicas de trabalho nos próximos meses, sem comprometer o serviço: o laboratório da Crioestaminal vai continuar a funcionar de acordo com uma escala que garante a disponibilidade, durante todos os dias da semana, para receber e criopreservar as amostras dos bebés que nascem.

39 empresas aderiram

O projeto piloto promovido pelo governo para testar a semana de quatro dias arrancou na segunda-feira, dia 5 de junho, abrangendo um total de 39 empresas e 1.000 colaboradores.

O governo não revela quais as organizações que avançaram para o piloto, apenas que, entre elas está “um instituto de investigação, uma creche, um centro de dia, um banco de células estaminais que trabalha 7 dias [Crioestaminal], e empresas do setor social, indústria e comércio. Ao todo, o piloto arranca com cerca de mil colaboradores”.

“O projeto piloto da semana de 4 dias significa uma redução dos tempos de trabalho para os trabalhadores, aumentando a sua disponibilidade para investirem na sua formação, na sua vida familiar e nos outros papeis que desempenham na sociedade. A empresa não passa a operar apenas 4 dias, mas organiza-se para novas formas e tempos do trabalho. E as empresas que perceberem esta mudança terão uma vantagem competitiva no mercado de trabalho para atrair e reter talento”, afirma Miguel Fontes, Secretário de Estado do Trabalho.