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Anadia // Bairrada  

Litério diz que ninguém consegue viver em Portugal com o ordenado mínimo

O presidente da Câmara Municipal de Anadia, Litério Marques, defendeu, no último sábado, durante um jantar, nas Caves São Domingos, promovido pelo presidente da Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo, Rogério Oliveira, e presidido pelo secretário de Estado das Comunidades, que Portugal está a atingir uma situação economicamente insustentável. “Com o preço dos combustíveis, o gasóleo a mais de 1,50 euros, digam se é possível viver com um ordenado mínimo? Como é que se pode viver com 500 ou 600 euros”, questionou o edil anadiense, perante mais de quatro dezenas de emigrantes, na sua generalidade luxemburgueses.

Litério Marques recordou que “foram os governos que hipotecaram o país e obrigaram os bancos a emprestar o dinheiro”. “Anda tudo louco”, avisou o autarca, afirmando que “o dinheiro vai continuando a ser o motor disto tudo, mas que puxa só para o lado de quem o tem”.

Disse ainda que “se vivia à grande e à francesa” e que não se admite que um país seja diferente de uma casa ou de uma empresa. “Se o país vende tudo, então o que vai ter amanhã?”

Defendeu ainda que a Grécia não irá pagar a dívida, assim como Portugal. Dirigindo-se ao secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, Litério Marques sublinhou que o governante não gosta de ouvir este tipo de discursos, mas a realidade é que “ele é do governo que vai fazer de Portugal um país mais pobre”, até porque, “na fase final, as pessoas já não se lembram dos outros governos e é no meu partido (PSD) que caíram as responsabilidades”.

“Diz o secretário de Estado que a agricultura ainda dá lucro, pois ele que venha aqui mostrar porque eu quero ver”, desafiou Litério Marques.

Um Portugal melhor. José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, referiu que “Portugal tem vindo a aumentar as exportações”, acreditando que Portugal conseguirá sair da recessão. “Já atravessamos momentos difíceis em Portugal, e resolvemos quando nos entendemos. Temos que ser capazes de nos entender. O exemplo que tem sido dado no Luxemburgo é bem paradigmático”, sublinhando que “os melhores hospitais da América latina foram feitos a partir da beneficência dos portugueses”. “Eu sou muito realista”, assumiu.
José Cesário disse não acreditar em milagres, “mas acredito que temos que ir fazendo coisas. É verdade que temos dificuldades, não há dúvidas que existem pessoas que estão a emigrar, mas não vamos baixar os braços. Vamos continuar a lutar por um Portugal melhor. “Estou a trabalhar com menos de 50% daquilo que havia há oito anos, mas ficam com o meu otimismo, realista e que não esconde as dificuldades”. “Não vamos mentir às pessoas, vamos procurar dar esperança às pessoas.”
O presidente da Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo, Rogério Oliveira, agradeceu a presença de todos, em particular do secretário de Estado, esperando “continuar a contar com o apoio deste governante”.
Recordou que a associação que dirige tem características de bem-fazer, sublinhando que todos estão presentes “imbuídos no mesmo espírito que norteia a associação”.
De resto, Alcino Oliveira, irmão de Rogério Oliveira, pediu ao secretário de Estado para que o seu irmão fosse agraciado “com a condecoração que merece”, acrescentando que “seria bom que fosse criado em Anadia um gabinete de apoio ao emigrante e fosse colocado um monumento em honra de todos os emigrantes”.

Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt