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Bairrada // Oliveira do Bairro  

Partiu o braço e a perna da mãe com um ferro de 1.50 metros

Um indivíduo, de 39 anos, residente na Giesta, Oiã, que está em prisão preventiva à ordem de um outro processo, confessou, na segunda-feira, no tribunal de Oliveira do Bairro, que bateu na sua própria mãe com um ferro, partindo-lhe um braço e uma perna.
De acordo com a acusação, João S. está acusado da prática de um crime de ofensa à integridade física grave qualificada, devido a agressões que fez à sua própria mãe.
Segundo o Ministério Público, no dia 26 de setembro de 2010, pela 17h, encetou-se uma discussão entre o arguido e a sua mãe, tendo este munido-se de um ferro com 1,50 metros e desferido pancadas no corpo da mãe, designadamente na cabeça. “Devido às pancadas desferidas no corpo de Maria I., esta caiu, tendo o arguido continuado a bater-lhe com o ferro no corpo, ao mesmo tempo que dizia que Maria I. ainda «havia de levar porque tinham sido poucas»”, lê-se na acusação.
Como consequência desta agressão, Maria I. sofreu vários traumatismos e foi operada pelo menos duas vezes. À data de outubro de 2012, Maria I. não conseguia levantar objetos com a mão direita, tendo ficado com diminuição da força na mão direita e evidenciava dificuldade em utilizar os talheres.
Confissão. Em tribunal, João S. contou que a agressão foi desencadeada, porque a mãe o provoca de forma constante. “A minha mãe não bebe, mas depois do almoço bebe bastante e começa a enervar as pessoas, esperando que surjam atos de violência”, afirmou o arguido, justificando que “a minha própria irmã que vivia naquele clima familiar, acabou por ir viver para a Alemanha”.
Disse ainda que só bateu na mãe, porque ela estava a preparar abóboras para dar aos porcos, e virou-se para mim com uma catana. “Esta é a verdade”, acrescentou João S., afirmando que daquele dia só tem em memória a catana. “Não me recordo de mais nada. Deve ter acontecido alguma coisa comigo. O que aconteceu afetou-me muito, mas mesmo muito”, afirma.
João S. recordou alguns momentos da sua infância, contando que “quando era pequeno, acordava durante a noite para ir à casa de banho, e ficava no corredor a tentar ligar o interruptor da luz sem que ninguém me ajudasse. Eu não chegava ao interruptor e gritava pela minha mãe que não me ajudava”.
Disse ainda que fez exames no Instituto de Medicina Legal e que os médicos não o deram como incapaz. “Se há poucos meses tivesse conseguido sair de casa, não estaria preso por outra agressão que cometi.”

Ajuda. A mãe de João S., Maria I. pediu encarecidamente ao tribunal que encaminhem o filho para que seja tratado. “Ao longo dos anos sempre me bateu. Isto não é de agora”, afirmou, sublinhando que “naquele dia, estava de volta do milho na eira, e o meu filho apanhou-me pelas costas e bateu-me fortemente”. “O meu marido e os meus filhos estavam ao alto e eu disse que ninguém me ajudava. Terá sido isso que desencadeou o problema”, afirmou.

Bruxedos. A queixosa garantiu ainda ao tribunal que não bebe bebidas alcoólicas, porque é diabética, no entanto, deixou escapar entre as palavras que gosta de vinho. “Não posso beber mais de dois copos, porque fico com dores de cabeça.”
Maria I. explicou ainda que o filho se meteu em bruxedos e que “as pessoas que morrem vão lá ter a casa”. “Ele passou-se das ideias”, acrescentou.
Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt