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Aveiro // Região // Sociedade  

Seis cientistas da UA homenageadas pela Ciência Viva

Estas mulheres fazem parte do leque de cientistas portuguesas que têm contribuído para o progresso da ciência e tecnologia nacionais.

Alexandra Monteiro, Ana Velosa, Diana Madeira, Iola Duarte, Sandra Soares e Sónia Cruz são as seis cientistas da Universidade de Aveiro (UA) que integram a edição deste ano do livro “Mulheres na Ciência”. A obra será lançada pela Ciência Viva amanhã, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, às 11h, como forma de homenagear as mulheres cientistas portuguesas que têm contribuído para o progresso da ciência e tecnologia nacionais.

Em 2021, ano em que o poder da ciência se assume maior do que nunca, a Ciência Viva continua a homenagear as mulheres cientistas portuguesas, que representam 45 por cento do total de investigadores no nosso país e cujo papel tem sido fundamental para o progresso que a ciência e a tecnologia nacionais registaram nas últimas décadas.

A edição 2021 do livro “Mulheres na Ciência” que as homenageia reúne 101 retratos de investigadoras de diferentes gerações e áreas do conhecimento, captados pelas objetivas dos fotógrafos Clara Azevedo, José Carlos Carvalho, Luís Filipe Catarino e Rita Carmo. O seu  lançamento, no Dia da Mulher, terá transmissão em direto a partir da página de YouTube da Ciência Viva e contará com a participação do Ministro Manuel Heitor.

Não é a primeira vez que o trabalho das cientistas da UA chama a atenção da Ciência Viva. Em edições anteriores, foram já homenageadas as cientistas Helena Nazaré, Isabel Martins, Ivonne Delgadillo, Mara Freire, Susana Sargento, Célia Ferreira, Florinda Mendes da Costa e Mónica Amorim.

As seis distinguidas

Alexandra Monteiro

A seu ver, trabalhar em ciência, em especial na área do ambiente, é um privilégio, com motivação acrescida, “porque não só aprendemos e estudamos todos os dias, como aplicamos esse conhecimento na proteção deste planeta que não tem duplo nem igual”. A sua área científica, em particular a poluição do ar, tem sido alvo de grande emergência científica ao ser definida pela OMS como um dos maiores riscos ambientais para saúde publica. O grupo de investigação em que se insere tem sido um exemplo no avanço nesta área, ao usar modelos matemáticos para melhor compreender e prever o estado da atmosfera em termos de qualidade do ar.  Este reconhecimento feito pela Ciência Viva veio trazer mais motivação, mas também maior responsabilidade, no trabalho futuro.

Ana Velosa

Investigadora nos campos da conservação e reabilitação de edifícios, dos materiais de construção e da sustentabilidade, Ana Velosa tem desenvolvido trabalho fundamentalmente na área da conservação e reabilitação do património edificado, estudando os materiais utilizados ao longo do tempo e preconizando soluções compatíveis em termos de intervenção. “Trata-se de um campo agregador, que necessita de uma intervenção onde forçosamente participam várias áreas do saber, desde a arquitetura e engenharia civil, até à história e arqueologia. A ciência é um elemento chave, quer no estudo dos materiais, quer no desenvolvimento de materiais compatíveis”, explica. Sendo claro que na maioria dos casos não se consegue replicar os materiais antigos, diz Ana Velosa que é necessário encontrar soluções com características similares…e aí também entra a ciência.

Diana Madeira

Investigadora do CESAM e Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, a bióloga marinhaDiana Madeira tem vindo a desenvolver trabalhos no âmbito das alterações climáticas, com o objetivo de compreender se os organismos marinhos da costa portuguesa conseguem lidar e adaptar-se ao aquecimento oceânico e  a eventos climáticos extremos, como ondas de calor. Diana Madeira estuda os mecanismos moleculares e fisiológicos que várias espécies utilizam para se adaptarem. A investigadora pretende assim classificar quais as espécies mais vulneráveis, de forma a melhorar e adaptar a gestão dos recursos marinhos, promovendo a sustentabilidade dos oceanos.

Iola Duarte

Doutorou-se em Química pela Universidade de Aveiro e especializou-se no estudo do metabolismo celular através da metabolómica baseada em espetroscopia de Ressonância Magnética Nuclear. Detetar e caracterizar as variações nas pequenas moléculas que são utilizadas e produzidas pelas células (metabolitos), relacionando-as com diferentes processos biológicos é o desafio central do seu trabalho, que procura abraçar em equipas e projetos interdisciplinares. A Investigadora Principal do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, Departamento de Química, afirma que a sua maior motivação é tentar contribuir para avanços no conhecimento na área da Bioquímica que possam vir a traduzir-se em benefícios para a saúde humana.

Sandra Soares

Doutorada pelo Instituto Karolinska, na Suécia, e investigadora no William James Research Center, do Departamento de Educação e Psicologia, Sandra Soares procura compreender melhor o comportamento humano, pelo estudo das emoções. “As emoções são centrais nas nossas vidas e, no laboratório, temos investigado experimentalmente como emoções positivas e negativas desencadeiam mudanças na fisiologia, na cognição e no comportamento”. Tem trabalhado na investigação experimental com adultos saudáveis e com doentes com psicopatatologia que envolve desregulação emocional, desde as perturbações de ansiedade às perturbações do espectro do autismo.

Sónia Cruz

A investigadora Sónia Cruz, licenciada em Biologia pela Universidade de Aveiro, iniciou o seu percurso científico na investigação dos mecanismos de fotoproteção de microalgas. Doutorada pela Universidade de Sheffield, e após um pós-doutoramento na Universidade de Cambridge, regressou à UA em 2011 para investigar a capacidade de algumas espécies de lesmas-do-mar incorporarem estruturas vegetais provenientes de algas (cloroplastos). Conquistou recentemente uma bolsa de 2,3 milhões de euros, atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação, para desvendar os mistérios destes animais fotossintéticos. O seu trabalho tem vindo a estabelecer de que forma o cloroplasto, e a fotossíntese em particular, se tornaram essenciais ao metabolismo destes animais.