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Cantanhede // Sociedade  

Cantanhede: Unanimidade na defesa dos valores do 25 de Abril

As comemorações terminaram com o “Concerto da Liberdade”, pela Brigada Victor Jara, que à semelhança da sessão solene teve também transmissão via streaming, a partir do Pavilhão Multiusos de Febres, nas páginas de facebook do Município e da CIM- Região de Coimbra.

No discurso sobre o 47.º aniversário do 25 de Abril, a presidente da Câmara Municipal começou por assinalar os avanços civilizacionais que a revolução veio consubstanciar, nomeadamente “a consagração dos direitos, liberdades e garantias, o reconhecimento da cidadania e de participação cívica e a afirmação de soberania segundo um modelo de democracia representativa. Ainda assim, não podemos ignorar as insuficiências, as limitações e os desvios que ainda hoje suscitam crispações políticas nefastas, alimentam extremismos inquietantes e suscitam saudosismos anacrónicos e injustificados”, disse Helena Teodósio no discurso proferido no pavilhão Multiusos de Febres, sublinhando a importância da celebração da efeméride “enquanto referência patrimonial de todas as forças políticas, não obstante em certos momentos tenha havido e haja ainda quem tenha a tentação de o reclamar para si”.

Para a líder do executivo camarário cantanhedense, “a superação das crispações, dos extremismos inquietantes e dos saudosismos passa pela assunção plena e intransigente da ética da responsabilidade por parte dos agentes políticos, pela probidade na sua atuação, pelo escrupuloso respeito às leis, aos cidadãos que representam e à dignidade dos cargos que ocupam”.

Segundo a autarca, “outra exigência que se coloca aos agentes políticos é o da lealdade entre os diferentes órgãos do poder político, uma exigência que infelizmente está muito longe de ser cumprida pela administração central relativamente aos municípios”.   

Por seu lado, o presidente da Assembleia Municipal assinalou o facto de a Administração Central não estar a cumprir para com o concelho de Cantanhede “em pilares fundamentais onde assentam os valores do 25 de Abril, na justiça, na saúde e na educação”, tendo apontado várias situações de falta de resposta e de solidariedade. Em contraponto, afirmou que “em Cantanhede, o 25 de Abril é o Município estar empenhado, como está, em auxiliar a população mais desprotegida nesta luta desigual contra a Covi-19, em apoiar as empresas, é a aposta no desenvolvimento económico e na criação de emprego, é a autarquia não ter dívidas a fornecedores a 31 de Dezembro, é ter a água mais barata da Comunidade Intermunicipal – Região de Coimbra”.

Já o líder da bancada do PSD, Carlos Fernandes, afirmou que a democracia e a liberdade são efetivamente uma enorme conquista, mas que está sujeita a ameaças às quais temos o dever coletivo de estar atentos”. Referindo-se aos tempos particularmente difíceis que estamos a viver, tanto para os cidadãos como para as autarquias”, o presidente da Junta de Freguesia de Murtede sublinhou que o 25 de Abril também visa fins de coesão e equidade sociais, aspetos que se têm procurado atingir neste concelho, tanto a nível do município como nas freguesias, com proximidade e conhecimento, com a procura de soluções na pluralidade e com a implementação de diversas medidas e apoios sociais”.

O Partido Socialista esteve representado na sessão solene pela deputada municipal Áurea Andrade, que na sua intervenção se referiu ao 25 de Abril como “uma viragem forte na vida do país, abrindo as portas à democracia, à ascensão social, à igualdade de oportunidades, à igualdade de género, à educação, à saúde, à justiça social, à não discriminação pela condição de nascimento, à autodeterminação e à liberdade de expressão. Hoje, somos os fiéis depositários dessa herança, pelo que nos cabe o papel e a responsabilidade de perpetuar os seus valores e contribuir diariamente para a defesa constante de uma sociedade tolerante, multicultural e inclusiva”, concluiu.

Para o deputado da CDU na Assembleia Municipal, Ricardo Almeida, as populações decidem os rumos a seguir e o poder local democrático, grande conquista de Abril, cá estará para responder. Estamos perante eleições, estamos perante a transferência de competências, estamos perante um tempo de pensar projetos, de decidir caminho, decidir onde investir, o que fazer, por quem fazer, com quem fazer”, afirmou, admitindo haver “divergências políticas, ideológicas, de posição” para dizer que “se queremos que Cantanhede avance, é Abril, a revolução, estes valores, estas conquistas que temos de proteger e erguer de novo”.