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Ílhavo // Região // Sociedade  

Memórias da pesca do bacalhau contadas num museu ao ar livre

A proposta que lhe trazemos sugere uma visita a um “museu” diferente, na cidade portuária da Gafanha da Nazaré.

Texto: Afonso Ré Lau

Há uma canção ilhavense que fala de “heróis marinheiros” e louva a história daquela comunidade, comparando-a a um “poema escrito em sangue no mar”. Cantorias à parte, é inegável a profunda vocação marítima e piscatória das gentes de Ílhavo, uma disposição natural que viria a ter o seu expoente máximo na primeira metade do século XX, com as campanhas de pesca ao bacalhau nos mares frios e imprevisíveis da Terra Nova (no Canadá) e da Gronelândia.

Ora, para conhecer a história da faina maior, esta epopeia de superação humana que continua a marcar a identidade dos ilhavenses até aos dias de hoje, poderá sempre visitar o emblemático Museu Marítimo de Ílhavo.

A proposta que lhe trazemos, no entanto, sugere uma visita a um “museu” diferente, espontaneamente criado, ao ar livre, na cidade portuária da Gafanha da Nazaré.

Fica na Avenida dos Bacalhoeiros. Um conjunto de murais, da autoria de António Conceição, que celebram os ofícios ligados à pesca e transformação do bacalhau e ajudam a perpetuar a memória coletiva das comunidades locais.

Pode começar por apreciar o mural de homenagem às mulheres das secas, o único que é colorido. Há figuras femininas a segurar grandes bacalhaus escalados e outras que sorriem enquanto estendem o peixe ao sol.

Os restantes murais são quase todos dedicados aos pescadores nos dóris, pequenos botes de um só homem, nos quais, uma vez chegados aos bancos de pesca, se aventuravam, destemidos e solitários, pelas águas geladas.

Última dica: Não termine este roteiro sem degustar um prato típico de bacalhau. Cozido, assado ou na brasa, em posta ou desfiado, da gastronomia mais tradicional à cozinha mais sofisticada, consta-se que haja mais de mil e uma maneiras de levar à mesa o “fiel amigo”. Que tal aproveitar para provar uma iguaria feita com os derivados do bacalhau (bochechas, samos, caras ou línguas)? Bom apetite!

Esta reportagem faz parte do Roteiro de Férias em Segurança, publicado na edição de 29 de julho de 2021 do Jornal da Bairrada