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Acílio Gala

Ex-presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro

A audácia da esperança

Entenda-se a audácia como o impulso da alma ou a coragem, a esperança como a mão misteriosa que nos aproxima do que desejamos. Consciente destes pensamentos que sempre me animaram durante toda a minha atividade profissional, ainda aguardo com esperança: a conservação e restauro dos dois edifícios onde funcionou a antiga Cerâmica Rocha durante 90 anos (1902-1992) e a reconstrução de um dos edifícios mais antigos do Concelho de Oliveira do Bairro, onde funcionou garantidamente a Casa da Câmara Nobre e a Cadeia Forte, durante 126 anos (1748-1874). Os trabalhos realizados com vista à conservação e restauro da Cerâmica Rocha estão devidamente documentados no livro – da TERRA e do TEMPO existente em todas as bibliotecas do concelho, onde está disponível para consulta. Sobre o edifício da Antiga Casa da Câmara, a sua história está escrita no pequeno livro que publiquei em 2013, com o seguinte título – “Para a História da Defesa do Património Municipal” – que também se encontra disponível para consulta nas bibliotecas do Concelho. Há ainda razões para acreditar na reconstrução do edifício que lamentavelmente foi demolido, em 3 de janeiro de 2007. Nesse edifício estava previsto instalar o Arquivo Municipal, com a mensagem histórica do Duque de Lafões.

A salvaguarda do nosso património histórico edificado deve ser uma aposta no futuro de todos os autarcas. Estes valores são a nossa Herança, o que nos distingue como povo, integrado no mundo global, assim sejam tais valores devidamente conservados, restaurados e repensados. Tal aposta ajuda a criar jovens, com referências culturais afirmadoras da nossa identidade cultural, como herança patrimonial acrescida de valor. Também ainda aguardo com esperança a construção do Túnel que ligaria a parte poente da cidade de Oliveira do Bairro à sua parte nascente, retirando muito trânsito automóvel do centro da cidade. Consultar o arquivo de 2003/2004.

Sendo o nosso Concelho o mais pequeno da Região da Bairrada, um dos elementos distintivos dos outros, seria o funcionamento em pleno do Museu de Olaria e Grés da Região da Bairrada e do Centro de Documentação e Investigação da Cerâmica da Região da Bairrada, o que iria atrair muitos turistas.

Com o Arquivo Municipal a funcionar criar-se-ia um espaço de memória do municipalismo do nosso Concelho (1748 – 1996), enquadrado na Praça da República. Para o local da nova instalação do edifício já se tinham iniciado negociações com a proprietária do edifício anexo. É só consultar o arquivo. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem candidaturas para tudo. Ainda se pode contar com a valiosa colaboração do ilustre Escritor e Homem de Cultura,

Armor Pires Mota, que bem conhece a história da Cerâmica Rocha e da antiga Casa da Câmara e Cadeia Forte. Temos que nos deixar de minudências políticas e ter a consciência que para executarmos estes trabalhos há que saber gerir o concelho com visão proativa, isto é, com visão estratégica e não com uma visão reativa, que pensa num dia, inscreve a verba necessária no orçamento e passados 6 meses, um ano ou até dois, a obra está concluída. A visão estratégica proativa exige um comportamento de antecipação, responsabilização pelas escolhas e a participação refletiva dos munícipes. Os investimentos a fazer devem ser indutores dos objetivos que pretendemos alcançar. No nosso caso, os investimentos devem ser feitos no que nos possa distinguir dos concelhos vizinhos. Lembramos que o Concelho foi extinto em 1895, tendo sido restaurado em 1898.

Por tudo quanto já foi dito, mas também para que o nosso Concelho volte a crescer social e economicamente, é necessário colocá-lo no radar do investimento empresarial, publicitando a disponibilidade de terrenos devidamente estruturados e convidando os empresários a instalarem-se no Concelho. Devem também ser criadas condições de habitabilidade para os jovens poderem aqui casar e ter filhos. No Concelho já existe um terreno que pode ser aproveitado para esse fim.

No meu último mandato foi também elaborado pelo Arquiteto Walter Rossa e aprovado um pequeno plano de pormenor para o terreno atrás referido, que previa a futura localização da sede da Junta de Freguesia de Oiã que já foi construída. Com vista a proporcionar um bom acesso a todos os munícipes à futura Junta de Freguesia, o Arquiteto sugeriu que se fizesse o «casamento» do espaço urbano, atrás referido, com a Praça do Cruzeiro, através de uma estrada. O estudo foi feito e a aprovado. A esta ligação o Arquiteto chamou o «Casamento Urbanístico». Consultar o arquivo. Como agora os munícipes são mais exigentes, além do espaço para a circulação dos automóveis, querem também para ciclistas e peões. É necessário rever o Projeto.

Pois bem, se «a esperança é a mão misteriosa que nos aproxima do que desejamos», ainda acredito em autarcas com talento para PENSAR, DIALOGAR E CAPACITAR.