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Eduardo Jaques

Colaborador de Vagos

A caminho da Europa, mais ou menos…

Afinal, em outubro de 1988 já se falava de Vagos, na Europa! Promovido pela Cooperativa Cultural “A Folha”, com sede em Oliveira de Azeméis, 70 jornalistas da Imprensa Regional (na sua maioria ligados a jornais do distrito de Aveiro), deslocaram-se a Estrasburgo, capital da Europa e sede formal do Parlamento Europeu. De Vagos marcaram presença o “Eco de Vagos”, através do seu diretor, João Ferreira e Basílio de Oliveira, enquanto o “Terras de Vagos” se fez representar pelo Pe. António Correia Martins, pároco de Ouca e diretor daquela publicação. Percorreram seis mil quilómetros, atravessando a Espanha e a infindável França, por Paris, onde pernoitaram na segunda noite; e finalmente Estrasburgo, que o Reno saúda, capital da região de Grand Est, no nordeste da França, bem perto da fronteira alemã.

Recebida, em ambiente caloroso, no “Hotel de Ville” (câmara), pelo presidente e alguns vereadores, e também por uma deputada da Grécia, a comitiva foi saudada pelo autarca local, tendo Sebastião de Sousa, vereador da câmara de Oliveira de Azeméis, usado da palavra para agradecer tanta simpatia. Destaque, ainda, para a “monumental” serenata coimbrã, apresentada pela Tuna Académica na Universidade de Gália, que deixou deslumbrado o vice-presidente da câmara. “Magnifique”, confessava no final da atuação. O dia acabaria a jantar, num hotel típico, com os deputados europeus. Por lá estiveram, entre outros, Fernando Condesso, Barros de Moura, Rui Amaral, Lucas Pires, Carvalho Cardoso, Manuel Machado, Medeiros Ferreira, Carlos Pimenta, António Lacerda, Maria Lurdes Pintassilgo, Maria Belo e José Gama.

Na receção não podia faltar, como é óbvio, a deferência francesa, traduzida numa mesa bem composta, com bolinhos de toda a espécie e bebidas diversas. “As receções em França são um tanto diferentes das nossas, em casos semelhantes”, deixava registo Basílio de Oliveira, nas colunas do “Eco de Vagos”, alegadamente espantado com a “extraordinária” gentileza dos anfitriões. A troca de lembranças viria logo a seguir, com João Ferreira a oferecer, ao “maire” de Estrasburgo, um artístico barco moliceiro em miniatura e meia dúzia de pratos alusivos às atividades do município. Porventura mais sóbrio, Basílio de Oliveira deixou autocolantes e galhardetes da associação humanitária, que entregou à tal deputada grega. Escreveria mais tarde, na sua crónica, que “pelo seu entusiasmo, quase podemos afirmar que os Bombeiros Voluntários de Vagos já estão em Atenas”.

Como não podia deixar de ser, a comitiva esteve no Parlamento onde assistiu, em pleno hemiciclo, a discussões da vida comunitária. À guisa de reportagem, o “Eco” trazia da Europa boas notícias: com a adesão de novos países (na altura eram só 121), ninguém perderia a soberania; Portugal na CEE seria apenas uma região, mas tal facto trouxesse vantagem; a agricultura portuguesa estava atrasada, e que era urgente a modernização da mesma; e, finalmente, que já havia dinheiro para apoiar alguns projetos agrícolas, e também para a Imprensa Regional.

Como diria o outro, que «ganda Europa»…