Quando perspetivamos a educação no futuro começam a ser consensuais determinadas mudanças. Prevê-se, por exemplo, que a aprendizagem decorra de forma mais individualizada, bem como, que aposte numa metodologia de feedback, aproximando a figura do professor à do aluno.
Num futuro próximo penso que os programas educativos deverão promover mais eficazmente aqueles que, do meu ponto de vista, são os pilares fundamentais da convivência democrática: a inovação, a complexidade e a tolerância.
Numa primeira instância, observamos que o mundo moderno nos leva a viver diariamente o empreendedorismo, momentos de superação das capacidades de progresso e de um pensamento independente e crítico que auxilie nas batalhas sociais diárias. Estas características podem ser trabalhadas junto das crianças e jovens através da aprendizagem baseada em projetos ou desafios, que tornem mais clara a pertinência das matérias lecionadas no mundo real.
Quando observo um grau de democratização extenso como o que se verifica atualmente, concluo que as sociedades atuais e futuras não caminham no sentido do facilitismo ou da mera dualidade de opiniões. Caminhamos na complexidade, no pluralismo que se reflete em narrativas e visões do mundo muito diversas. É impreterível que a educação nas escolas se aproxime mais da comunidade envolvente, dos problemas reais da mesma e que introduza os alunos à ambiguidade e às nuances da vida democrática. Julgo que esta necessidade mais abstrata poderá atingir-se concretamente pela extensão da tarefa educativa a outras instituições, pela criação de espaços de assembleia, momentos mais frequentes de debate e estimulação da participação cívica.
Para além destes aspetos, penso que é fundamental que se proceda a uma reconceptualização da inteligência, acompanhada de maior valorização da componente criativa, aspetos responsáveis por qualquer progresso.
No panorama local, as escolas aguedenses são um bom exemplo da adequação das ofertas do ensino profissional às exigências do mercado de trabalho e do tecido empresarial envolvente.
A atual situação pandémica obrigou a humanidade a reinventar-se em tempo recorde e a pôr em prática uma série de reformas que estariam somente num plano teórico. No âmbito da educação, considero que a passagem obrigatória para o online elucidou-nos acerca daquelas que são as possibilidades e vantagens do mundo digital, bem como, todas as suas insuficiências. Constatámos que as plataformas digitais podem auxiliar efetivamente a prática pedagógica tendo como benefícios a criação de um ambiente dinâmico e mais individualizado, como se almeja há muito.
Porém, penso que se corroborou a ideia de que a transição digital não dispensa de forma alguma o profissional humano. A era digital exigirá, sim, capacitar os profissionais de novas aptidões e uma consciencialização geral dos papéis sociais modernos.
No que diz respeito aos professores, o tempo de preparação e formação, e o acesso aos recursos tecnológicos devidos são aspetos que na situação atual foram descurados e que numa transição gradual deverão ser fortemente valorizados e financiados.
Denoto ainda que, a meu ver, falta entender bem a tecnologia enquanto aliado fundamental da ciência e do conhecimento. A tecnologia representa a própria atividade de transformar ou agir e pauta, desde sempre, a evolução do saber humano. Assim, o mundo tecnológico em que vivemos continuará a ter na educação os alicerces que sustentam a sociedade futura, a génese dos valores humanos, morais e cívicos que pretendemos perpetuar.
É, mais do que nunca, imprescindível trabalhar a recetividade à mudança, incluir e valorizar o papel dos professores e comunidades escolares na construção das escolas do futuro.