Assinar

António Veiga Pinto

Engenheiro Civil

A guerra criminosa de Putin e o preço da liberdade

A Rússia surgiu no século IX. Foi o 3º maior império de sempre, com o apogeu em 1895. Teve uma projeção de excelência no domínio das artes, ciências e tecnologia.

No início do século XIX, verificou-se uma enorme insatisfação popular para com a autocracia czarista. Como consequência veio a eclodir a Revolução de Outubro de 1917.

De 1931 a 1933, ocorre a grave desorganização do ciclo produtivo agrícola e a coletivização forçada levou muitos dos camponeses a reagir de forma violenta e desesperada. Milhões de camponeses foram dizimados à fome, cerca de 3,5 milhões só na Ucrânia. Neste período é de sublinhar o horror das práticas de canibalismo no seio das famílias e o suicídio com um tiro na cabeça da esposa, 31 anos, e confidente de Stalin.

De 1970 a 1991, verificou-se que o planeamento centralizado da economia soviética não resultou. O crescimento económico per capita era igual ou inferior a zero. Em face desta situação, Gorbatchov implementou a glasnost (transparência), pelo aumento das liberdades de expressão e imprensa, e a perestroika (reestruturação), que pretendia descentralizar a tomada de decisões no âmbito econômico.

A 26/12/1991, aconteceu o colapso da URSS, dando origem a 15 Estados Independentes. A privatização subsequente, deslocou o controle de empresas dos órgãos estatais para indivíduos com ligações dentro do sistema de governo. Muitos dos empresários “novos-ricos” levaram bilhões em dinheiro e ativos para fora do país. A Rússia, com o seu centralismo da economia, tornou-se no país mais corrupto do mundo, centrado em Putin e oligarcas, após Ieltsin, em 1999, lhe ter entregado o poder.

Em 2010, foi eleito Presidente da Ucrânia, Ianukovich. Inicialmente tomou partido pela integração do país na UE. No entanto, pressionado por Putin, começou a aproximar-se da Rússia. O povo ucraniano, no inverno 2013/2014, veio para a rua, numa das maiores manifestações de sempre. De 20 a 22/02/2014 foram assassinados, em praça pública, centenas de manifestantes. Ianukovich fugiu para a Rússia.

Zelensky foi eleito Presidente da Ucrânia em abril de 2019. Em 24/02/2022, Putin, com um elevado índice de aprovação popular, ordena a invasão da Ucrânia, de um modo fulgurante. É uma invasão cruel e criminosa do exército russo à cidade de Kiev, que provocou a morte a dezenas de pessoas inocentes. O seu objetivo era derrubar Zelensky, apoderar-se da totalidade da Ucrânia e restaurar o prestígio da ex-União Soviética.
Mas, Putin cometeu vários erros estratégicos e de falta de perceção, dos quais se destaca:
• Subestimou a atuação de Zelensky, a grande figura desta guerra, bem como a valentia, determinação e capacidade de sofrimento do povo ucraniano na defesa da liberdade;
• O apoio de armamento do Ocidente à Ucrânia e as sanções económicas impostas à Rússia;
• O choque que provocou no Ocidente, os vários bárbaros crimes de guerra cometidos pelos russos contra a humanidade como em: Bucha, Kharkiv e Mariupol;
• Contrariamente ao que julgava, a NATO e União Europeia saíram reforçadas.

A finalizar, temos de ter sempre presente que foi a Rússia que invadiu a Ucrânia que tem o direito de se defender. O Ocidente tem obrigação de apoiar a Ucrânia de modo exemplar pelo modo como este país tem defendido os valores e princípios do Ocidente.