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José Carvalheira

Oliveirense

A necessidade de um plano estratégico para Oliveira do Bairro

A campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 2021 está quase a bater à porta de cada um de nós, entre outros meios, através da distribuição dos mesmos panfletos de sempre, com o mesmo conteúdo de sempre.

As campanhas eleitorais, são momentos em que, em regra, existe um pouco mais de debate de “ideias” acerca dos temas que as candidaturas entendem poder ser mais relevantes para os Oliveirenses, Oianenses, Palhacenses, Bustoenses, Troviscalenses e Mamarrosenses, sobretudo sobre os que entendem que lhes possam trazer mais dividendos.

Mas, são ainda momentos em que também a população em geral intensifica o escasso debate sobre as matérias público-políticas, embora comummente apenas no âmbito dos constrangimentos que mais afetam as suas rotinas diárias, independentemente da sua magnitude.

Sou de parecer, que deveríamos mudar de paradigma nesses momentos, deixando de lado as “pequenas” questões dos alcatroamentos, da limpeza urbana e dos arranjinhos urbanísticos, e que já nesta próxima campanha eleitoral autárquica se deveria debater alargadamente sobre um plano estratégico de desenvolvimento para o nosso concelho, num horizonte temporal de 4 a 5 mandatos, ao nível dos grandes pilares estruturantes que sustentem o futuro do nosso território, bem como dos grandes objetivos estratégicos, porventura em número moderado, mas realistas, prioritários e exequíveis, isto para cada um dos domínios mais impactantes na nossa vida quotidiana.

Definir o que pretendemos para o nosso turismo nos próximos 15/20 anos; o mesmo para o nosso setor agrícola, para o setor cultural, para o setor social e associativo, bem como para o comércio concelhio. Que empresas pretendemos ver instaladas no nosso concelho nesse horizonte temporal, para consequentemente se definirem os meios a desenvolver, por exemplo que tipologia de zonas industriais serão necessárias, em concreto no que à área dos lotes diga respeito; mas ainda de que rodovias e acessibilidades necessitaremos, bem como de que polos logísticos, de forma a alavancar-se a atividade industrial em particular e económica em geral.

Mas mais, que estruturas e meios de fixação de jovens ambicionamos, que polos de criação de conhecimento quereremos, que água correrá nas torneiras das nossas casas e empresas, e que preço estaremos dispostos a pagar por ela? Que orgânica dos serviços camarários melhor se adequará ao concelho que se ambiciona no futuro?

Nunca nenhum território se desenvolveu, nem desenvolverá, na ausência de um plano estratégico de médio prazo, minuciosamente gizado e amplamente debatido.

A política do ziguezague e do bombeiro, que se limita apagar fogos, foi chão que já deu uvas, mas que não mais vingará no segundo quartel do século XXI.
Se nada de diferente for feito, resta-nos de baixo olhar para cima, relativamente aos concelhos circunvizinhos.

Este Oliveirense, e estou certo muitos outros Oliveirenses, preocupados com o nosso futuro comum, estaria disponível para participar desinteressadamente nesse debate estratégico abrangente, pelo que aqui deixa esta reflexão, por dever cívico.