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Associação Comercial e Industrial da Bairrada

Gabinete de Recursos Humanos e Emprego da ACIB

A propósito de um Outubro Rosa

Ou a propósito de absentismo laboral.
Absentismo laboral representa a ausência do trabalhador, seja por faltas, ou por atrasos.

A análise dos níveis de absentismo deve fazer parte da rotina de gestão das empresas. Contudo, mais importante do que calcular a taxa mensal, trimestral ou semestral de absentismo e apurar flutuações ou padrões, importa perceber as causas e as consequências. Agir sobre as primeiras, para antecipar as segundas.

As estatísticas revelam que as doenças e os problemas de saúde estão entre os principais motivos que levam um trabalhador a faltar.

Excluindo ausências por acidentes de trabalho ou por doenças profissionais, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, de 2019, os trabalhadores portugueses faltaram, em média, 29,2 dias devido a doenças ou problemas de saúde.

Se nos retivermos na distribuição das ausências por idades, verificamos que, ainda em 2019, no sexo masculino, as ausências ao trabalho por doença, concentraram-se entre os 45 e os 54 anos. Quanto ao sexo feminino, as ausências por doença, distribuíram-se entre os 35 e os 64 anos, tendo-se registado uma maior incidência entre os 55 e os 64.

Em Portugal, o absentismo laboral, por doença, tem impacto e acarreta custos a diferentes níveis. Facilmente percebemos os efeitos no Serviço Nacional de Saúde, e na Segurança Social. Do mesmo modo, percebemos as consequências para o trabalhador e para o empregador. Ainda que sem dados quantitativos, conseguimos identificar relações de causa-efeito.

Comecemos pelos custos suportados pelo Serviço Nacional de Saúde, ao qual a maioria dos trabalhadores recorre para fazer exames médicos e tratar doenças.
Segue-se a Segurança Social, à qual cabe suportar o pagamento do subsídio por doença, que substitui o salário do trabalhador enquanto este se encontrar de baixa.

Para o trabalhador, porque em Portugal o subsídio de doença não corresponde ao seu salário completo nem considera os primeiros dias de incapacidade, os prejuízos são óbvios, interferindo com a capacidade de honrar compromissos e muitas vezes com o agregado familiar.
Por último, mas de todo menos relevantes, os efeitos nas empresas.

Uma das primeiras consequências é a quebra de produtividade. As empresas podem começar a ver comprometida a capacidade de cumprir prazos, de garantir o cumprimento de padrões de qualidade, ou de cumprir com a entrega de quantidades. E aqui tanto falamos de produtos, como de serviços.

A queda da produtividade começa a reflectir-se nos resultados financeiros.
Se a empresa tem menor capacidade de resposta, a médio prazo poderá ocorrer queda nas vendas, na procura dos serviços e na satisfação do cliente.

A longo prazo, e num cenário mais pessimista, o negócio pode tornar-se menos lucrativo.
Olhemos, agora, para as equipas de trabalho. Comparáveis a uma engrenagem, se falta uma peça o seu funcionamento fica comprometido. Sabemos que muito excepcionalmente o trabalhador ausente é substituído por um colega ou por um trabalhador temporário, para a execução exclusiva das suas tarefas.

O impacto financeiro, bem como o impacto sobre o desempenho, e motivação dos demais trabalhadores são suficientemente visíveis.

E veio este exercício a propósito do OUTUBRO ROSA.
Conseguir evitar as ausências prolongadas ao trabalho por doença, evitar os custos já referidos, e poupar danos à integridade física e emocional dos seus trabalhadores, é um desafio para as empresas.

Estas podem ter um papel proactivo na sensibilização dos seus colaboradores para a importância de vigiarem a sua saúde, e terem acompanhamento regular por profissionais da área. Todos sabemos da importância do diagnóstico precoce de qualquer doença, ainda mais quando falamos de doença oncológica.

Está ao acesso de qualquer empresa um cartaz que se pode imprimir e colar junto à máquina do café, um folheto informativo que se pode distribuir ou enviar por correio electrónico para sensibilizar os trabalhadores para a importância de vigiarem a sua saúde.
Igualmente acessível é desafiar os trabalhadores a participar em dinâmicas que despertem consciências para a temática da saúde.

O mesmo se aplica à flexibilidade dada aos trabalhadores para se ausentarem para consultas regulares e exames sem que sintam constrangimentos para não o fazer.
Trata-se de um exercício simples: escolher entre ter um trabalhador que falta umas horas para ir fazer exames médicos, ou ter um trabalhador a quem é diagnosticada uma doença em fase mais avançada, que vai obrigar a uma ausência mais prolongada. Saúde é mais que ausência de doença, e para ter um trabalhador motivado e produtivo é fundamental que esteja bem e que se sinta saudável.

Estes são exemplos do que as empresas têm ao seu acesso, em função da sua dimensão, capacidade financeira, e recursos humanos disponíveis para dinamizarem as iniciativas aqui sugeridas, ou outras.
E se tudo isto não cabe na definição de Responsabilidade Social Empresarial, o que havemos de chamar-lhe?

A um Outubro Rosa sucede um NOVEMBRO AZUL.
E a estes suceder-se-ão todos os outros meses, em cores que se querem bonitas e suaves.

Texto escrito ao abrigo do anterior acordo ortográfico, por vontade expressa do autor