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Jorge Sampaio

Vice-presidente da CM Anadia

Arregacemos as mangas…

Terminadas as Autárquicas de 2021, e passados os momentos de instalações e tomadas de posse, dos diversos órgãos resultantes, importa, a título de encerramento, fazer uma análise, mesmo que breve, aos resultados finais.
A Câmara Municipal de Anadia, desde 2013, é gerida por um movimento independente, e assim os eleitores quiseram que continue a ser até 2025.

Foram claros na sua decisão, dando a esta força política 45.34% dos votos, garantindo a eleição da Presidente da Câmara e três Vereadores – quatro mandatos, num total de sete, do Executivo Municipal. Uma maioria absoluta, conquistada pelo MIAP – Movimento Independente Anadia Primeiro.

Um grupo de cidadãos eleitores livres, independentes e oriundos das mais diversas ideologias políticas, que se juntaram e quiseram dar a cara por um projecto autárquico, pela sua terra, pelo nosso Concelho.
Sem máquinas partidárias, ou gabinetes jurídicos, o MIAP conseguiu recolher assinaturas de mais de dois mil proponentes (2.326), constituir o dossier de candidatura, entregá-lo no Tribunal e concorrer a todas as Assembleias de Freguesia, Assembleia Municipal e Câmara Municipal, envolvendo nas suas listas, mais de trezentas pessoas.

Sem empresas de comunicação, ou jornalistas dedicados à mesma, o MIAP conseguiu planear e executar uma campanha eleitoral, baseada na honestidade e nas ideias. Demonstrando que têm mais valor as cores do futuro, que o negro ressabiado do passado.

Sem símbolos partidários, o MIAP conquistou mais de seis mil votos (6.231), com a consciência que a decisão de cada um destes votos, foi influenciada, unicamente pelo crédito das pessoas que constituem este movimento, em detrimento do nome ou peso de uma qualquer cor, ideologia ou partido político. Foram 6.231 eleitores que acreditaram e votaram no valor das pessoas do MIAP.

Se compararmos com as Autárquicas de 2013 – último ano em que MIAP, PPD/PSD e PS se apresentaram a sufrágio, visto que em 2017 o PS não concorreu – este movimento independente apenas desceu 146 votos, em relação a esse ano, demonstrando assim, uma grande consistência no seu eleitorado, mesmo ao fim de oito anos de governação autárquica.

Por outro lado, o PPD/PSD – Partido Social Democrata, e o PS – Partido Socialista, tiveram o pior resultado eleitoral, pelo menos, dos últimos trinta anos (período de pesquisa), conforme se pode confirmar no quadro e gráfico, seguintes:

Fonte: Site do Ministério da Administração Interna (2001-2021) e site da CNE (até 1997)

Mais se acrescenta que, no caso do PSD, foi a primeira vez que a sua lista candidata à Assembleia Municipal teve mais votos que a lista candidata à Câmara Municipal.
Uma nota ainda para a CDU (PCP-PEV) que, comparativamente com as Autárquicas de 2013, teve um acréscimo significativo de votos, para os dois órgãos executivos municipais – Câmara e Assembleia.

As eleições são a expressão objectiva da democracia, onde os eleitores exercem o seu direito de escolha. Deveremos ter a capacidade de aceitar os resultados e assumir as responsabilidades a eles associadas.

O MIAP venceu as eleições, cabendo-lhe a responsabilidade de gerir a Câmara Municipal, com a humildade de quem tem a perfeita percepção que uma vitória eleitoral é, acima de tudo, uma honrosa oportunidade para servir a causa pública e trabalhar para o bem da Polis.

Nem mais nem menos que isso!

Os partidos políticos, que perderam as eleições, devem estar na oposição, contribuindo de forma construtiva para a gestão do Município. Mas também, a eles, cabe reflectir sobre os resultados que obtiveram e retirar conclusões sobre as escolhas, o modo e a forma.

Resta agora saber se alguém vai assumir a responsabilidade desses resultados, ou se, como normalmente acontece nos partidos, em especial no PSD Anadia, que melhor conheço, a culpa morrerá solteira.

Numa primeira fase, os envolvidos, começam por culpar tudo e todos, menos eles próprios. Posteriormente passam a um estado de letargia, mantendo-se o mais quietinhos possível, para que o tempo passe e a coisa seja remetida ao esquecimento. Assim, garantem que nas próximas eleições para a concelhia, possam voltar a concorrer, ou mandar os seus discípulos fazê-lo, mantendo o poder partidário e alimentando o seu ego. Como se nada tivesse acontecido!

Nós, cá estaremos para ver. Mas, por ora, a hora é de arregaçar as mangas e continuar o trabalho, em busca de novos desafios e maiores projectos.
Vamos a isso!