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Oriana Pataco

Diretora

Com Memória, fazemos renascer Abril

O Jornal da Bairrada inicia, nesta edição, uma série de entrevistas que vão estar disponíveis, sob o formato de podcast, no site do JB e noutras plataformas de streaming.

“25 de Abril – Um Olhar de Oliveira do Bairro” insere-se nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril da Assembleia Municipal/Município de Oliveira do Bairro.

O Jornal da Bairrada encara mais este desafio com um duplo objetivo. Por um lado, iniciamo-nos nos podcasts, aquilo que hoje já tornou vulgar entre os portugueses e em muitos outros países do mundo. Trata-se, basicamente, de um programa que pode ser ouvido através da internet, a qualquer hora, podendo-se aceder no computador ou de forma ainda mais prática, pelo telemóvel ou tablet. Atualmente, há dezenas de podcasts, com temas e duração variados, podendo ser programas de notícias, de humor, sobre economia, saúde, educação, etc.. Podemos, assim, dizer que continuamos atentos às novas formas de comunicar, tentando estar mais próximos de quem nos segue.

Este podcast em particular, sobre o 25 de Abril, não deixa de ser especial. Estamos a comemorar 50 anos sobre esta Revolução que mudou o rumo de Portugal e o futuro dos portugueses. Em consonância com o Município de Oliveira do Bairro, que anuiu desde a primeira hora a este desafio, convidámos seis oliveirenses – um de cada vila e cidade deste concelho – para nos contar como viveram o 25 de Abril, onde estavam, com quem estavam, o que faziam, antes, durante e após a revolução, e como olham para o país, 50 anos depois.

Foi uma experiência extraordinária, muito graças aos entrevistados, que fizeram uma viagem pela sua memória, contando histórias únicas, que ficam agora eternizadas através do Jornal da Bairrada. Em formato papel, em podcast e também em vídeo, ouvimos testemunhos na primeira pessoa que nos permitem fazer um retrato de Oliveira do Bairro, de Portugal e das colónias, antes e depois do 25 de Abril.

Faz-nos falta, aos da minha geração e seguintes, ouvir mais relatos deste período da nossa História. Nós, os nascidos após a Revolução dos Cravos, falamos de Liberdade sem lhe dar o verdadeiro valor. Não conseguimos imaginar-nos a uma submissão de regras e imposições, à limitação da palavra até por pensamento, à obrigação de seguir um caminho quando a nossa vontade era de traçar outro. Escolhemos com quem estamos, como vivemos, o que falamos e o que fazemos, com toda a liberdade.

Só podemos estar gratos a quem passou por tantos sacrifícios para hoje podermos ter e escolher a vida que queremos viver. Mas, cinquenta anos depois, verificamos que a nossa democracia passa por um momento de turbulência. Os portugueses têm a consciência de que poderiam ter mais e viver melhor, se muitos dos que lideraram os destinos do país não tivessem feito apenas carreira política – como diz o nosso entrevistado desta semana – e optassem antes por aproveitar o voto que nos concedeu Abril para desenvolver o país e melhorar a vida dos portugueses.

Olhemos para os erros do passado com clarividência e humildade e não percamos mais tempo com guerras estéreis que nos tiram o foco do que realmente deve ser feito. Para que os nossos filhos, netos e bisnetos sintam orgulho de um país onde, um dia, se cantou Abril.