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Orlando Fernandes

Assinante JB

Direita sufocada

Recordando alguns casos emblemáticos da chamada Revolução dos Cravos, concluímos silogisticamente que os cravos se transformaram em espinhos para o país que ainda temos a sorte de possuir, por enquanto.

Em matéria de comunicação social, o denominado período do PREC fez alguma limpeza nesse domínio e assistimos à criação de um vocábulo que dava pelo nome de ´saneamento´.

Os Portugueses já esqueceram há muito que até o DN teve um Diretor que se chamava José Saramago, o tal do Prémio Nobel da Literatura que só o obteve porque era comunista ortodoxo. O seu primeiro trabalho, à boa maneira marxista-leninista, foi sanear dezenas de jornalistas por não se adaptarem à modernidade da época.

Ficaram sem recursos para comer, mas o que contava era o coletivo do bom povo e nunca duas dezenas de seres individuais. Um grande jornalista do DN chamou “erva daninha” a Saramago, como se ele fosse uma planta.

Também no poder político se verificavam ´saneamentos´, e os militares do Conselho da Revolução, essa forma pomposa de os “botas cardadas” possuírem a sensação de poder, ilegalizaram alguns Partidos Políticos, como o da Democracia Cristã de Silva Rezende e depois de Sanches Osório, o Partido Liberal e outros que não possuíam a chancela de caminharem para o socialismo, definidos os critérios no Pacto MFA/Partidos.

Nasce assim a tendência para a intromissão da Esquerda em tudo o que não caminhasse alegre e contente para a via da miséria, perdão, do socialismo real ou científico, ou até o democrático.

Saltando uns anos, pois já passaram mais de 46 sobre o desastre dos desmiolados capitães, um dos seus líderes já se arrependeu do ato (“se soubesse que o país viria a encontrar-se no estado atual…”). Um outro civil chegou a afirmar que Salazar tinha tido uma virtude: nunca tocara no erário público a seu favor.

Mas a esquerda pode tudo fazer, como chegar a três bancarrotas sem ser penalizada. São sempre os outros, ou seja, a direita, responsável do descalabro. Outra ação própria da esquerda é praticar golpes de Estado sem ser o da Abrilada.

Acostumada a tal, foi o PR Sampaio que lhe tomou o gosto e logo teve a ideia do golpe palaciano contra o Governo de Santana Lopes, para fazer chegar rapidamente ao poder o Sócrates, dito engenheiro com diploma dominical.

E não ficou a esquerda dona desse único evento. Sentiu-lhe o gosto, e do palaciano passou ao constitucional. Com o golpe de ter perdido eleições, mas logo ter achado maneira de se estribar no número de deputados canhotos para poder formar governo com o beneplácito do povo, a lembrar aquele outro Beneplácito Régio do nosso D. Pedro I, em que nenhuma ordem, emanada do Papa, poderia ter aplicação em Portugal sem o consentimento do rei.

O nosso “rei D. Marcelo” gostou da ideia e fartou-se de apoiar os derrotados saídos da Novembrada montando a geringonça, marca de transporte dado na AR por Paulo Portas, expressão copiada de Vasco Pulido Valente.

Os Portugueses não reagem ao despesismo da esquerda, cuja dívida pública ultrapassa os 173 mil milhões de euros, pois o circo em que vivemos é o espetáculo delicioso, apesar de uma Pandemia de vírus chinês que anda por aí a dizimar os que nela votam, uma vez que a sinistra distribui e a dextra tira.

E continuam, convencidos dessa engenharia financeira. É a continuidade de um Pacto, sem ser o militar, agora civil. Eis o nosso fatalismo determinista.