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Miguel Goulão

Gestor de Marketing

Hora bolas!

No próximo domingo a hora vai mudar e eu confesso que tenho tanta dificuldade em entender isto da mudança da hora como em gostar dela. Mas, ao que parece, não estou sozinho nisto, já que o Parlamento Europeu votou, em 2019, a favor do fim da alteração de hora. Assim, esta poderia ter sido a última vez que alinhámos nisto em Portugal. Digo “poderia”, porque cabe a cada Estado-membro decidir se acompanha ou não esta decisão – e esta é a parte em que o meu entusiasmo desparece: é que, se nos guiarmos pelo que já conhecemos de quem nos tem governado nas últimas décadas, acredito que este tema vai ficar como estava, ou seja, atrasado. Vamos, portanto, e à semelhança de uma série de índices de desenvolvimento económico, continuar atrasados nas horas!

Para mim, as duas piores coisas desta mudança são o anoitecer cedo e o mudar manualmente os relógios.

O anoitecer cedo porque à hora de saída do trabalho, já é noite cerrada e quase que apetece pedir o pagamento de horas noturnas!

O mudar manualmente os relógios porque fiquei escaldado com isso; é que a minha avó pedia-me sempre para mudar a hora do seu relógio de pulso, que era daqueles bem antigos (acho mesmo que nem quem o fabricou saberia mudar-lhe a hora com facilidade!), e eu acabava por perder muito tempo a acertá-lo, pelo que o resultado era óbvio: quando havia mudança na hora, eu acabava por perder não apenas uma, mas duas horas!

Diz-nos a história que a ideia inicial por trás desta alteração tinha como objetivo conseguir mais horas de trabalho produtivo, ao mesmo tempo que se poupava combustível, isto porque estávamos em tempo de guerra. Na verdade, e olhando para os dias de hoje, acho que o efeito é exatamente o contrário: por um lado, ninguém gosta de sair do trabalho já de noite, logo a motivação e a produtividade será tendencialmente mais baixa; por outro, ao preço a que a gasolina está, só o acender dos faróis do carro é capaz de aumentar o consumo de combustível e, por consequência, mexer (mais uma vez) no nosso bolso.

Por fim, deixo o meu conselho para quem trabalha à noite e por turnos: nunca escolham a escala que apanhe a mudança para a hora de inverno. É que, na madrugada do próximo domingo, quando forem 02:00, de repente, o relógio vai andar para trás e vão perceber que terão de trabalhar mais uma horita!