Assinar

Jorge de Almeida Castro

Administrador do Colégio Instituto Duarte de Lemos

Jovens gerados

Diz-se à boca cheia que os nossos jovens de hoje são a geração mais bem preparada de sempre.

Os nossos jovens estão mais escolarizados, sim. Andam agora mais tempo obrigados na escola. Andam na escola até aos 18 anos de idade, quer queiram, quer não. E depois uma cada vez maior percentagem deles prossegue estudos no ensino superior. Comparando esta geração com as precedentes, ninguém tem dúvidas de que a atual geração de jovens portugueses é a geração mais escolarizada de sempre.

Escolarizar pretende preparar. Preparar para o trabalho. Preparar para a vida.

Saídos da escola, seja em que momento for, já com 18 anos de idade pelo menos, os jovens devem estar preparados para o trabalho e para a vida. É isso que está legislado e apregoado que aconteça no final de qualquer ciclo-nível de escolarização, obrigatória ou superior.

Já disponíveis para o trabalho, os jovens aprendem a ajustar-se ou não ao que lhes é pedido; aprendem ou não a trabalhar. Preparam-se a sério ou não para o trabalho.

Uns, percebem a necessidade de aprender a sério uma profissão e de se prepararem para conquistar o seu trabalho e a sua carreira. Outros, percebem que o trabalho que lhes é oferecido não é afinal bem aquilo que querem e preferem continuar a preparar-se doutra maneira.

Uns e outros fazem falta como nunca ao país que investiu neles pelo menos 12 anos de escola. Cada um destes jovens custa aos contribuintes portugueses mais de 130 mil euros durante a sua escolaridade obrigatória de 12 anos na escola pública. Quem continua nos estudos superiores públicos, continua a usufruir de um investimento de muitas dezenas de milhares de euros dos contribuintes.

Sim, diz-se que os jovens portugueses de hoje pertencem à geração mais bem preparada de sempre. Mas uns jovens estão mais bem preparados do que outros. E isso vê-se quando terminam os estudos e se segue o mercado de trabalho.

Uns jovens, tal como alguns adultos, enquanto esperam pelo trabalho certo que não lhes aparece, trabalham no que lhes é oferecido sem queixumes, ganhando competências que não se ensinam na escola e que lhes podem ser úteis no trabalho e na vida. Estão a preparar-se a sério para uma vida que todos dizem que é incerta, e na qual já não existem empregos para sempre. A trabalhar, reconhecem todos os dias que a melhoria no seu salário se conquista pela competência. Verificam que as oportunidades são reais e que é preciso trabalhar para as conseguir.

Outros jovens, tal como alguns adultos de sempre, apenas desejam ser empregados naquilo para que se sentem preparados pelos estudos que fizeram. Sentem-se injustiçados por não existir o emprego que estudaram. Sentem-se enganados por uma sociedade que não lhes dá a oportunidade de mostrarem o quanto se sentem bem preparados para o emprego. E queixam-se dos vencimentos baixos e das carreiras precárias que lhes são oferecidas nas entrevistas. Preparam-se melhor para a entrevista seguinte. Estes jovens esperam esse emprego no desemprego.

Os jovens portugueses de hoje são os mais escolarizados de sempre, mas precisam de aprender a tornar-se na geração mais bem preparada de sempre. E essa aprendizagem está disponível nos mais diversos campos de atividade. É preciso é que os jovens tenham a tal atitude que dizem ter: ser empreendedor, querer arriscar, nunca desistir, etc. e tal. Esta atitude reclamada pela sociedade ainda não se ensina na escola e também não se vai aprender a sério nas websummit desta vida. Trabalhar, sem malandrice(s), continua a ser o melhor caminho para a aprendizagem e para a preparação para a vida.

Quanto à metodologia para aprender as aprendizagens essenciais não ensinadas na escola, é a mesma de sempre e como tudo na vida: imitar quem sabe e faz bem, fazendo mais e melhor.