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António Pato

Coordenador do Gabinete de Estudos da Distrital da JP

Mobilidade e transportes para os jovens no distrito de Aveiro

Mobilidade e Transportes, foram os domínios considerados como prioritários pelo governo para a concretização do PNI 2030 (Plano Nacional de Investimentos 2030). Este plano, financiado com os dinheiros da “bazuca” europeia, foi elaborado de acordo com as prioridades do Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, e contempla um conjunto de obras públicas para o país, na área dos transportes e da mobilidade, com foco especial na ferrovia.

O distrito de Aveiro terá direito a uma verba total de 525 milhões de euros. As obras com a previsão de orçamento mais elevado são a construção de uma nova linha ferroviária, entre Aveiro e Mangualde, de ligação ao “Corredor Internacional Norte”, que deverá custar 300 milhões, e obras de modernização da linha do Vouga, no valor de 100 milhões de euros. Acrescem ainda investimentos no Porto de Aveiro, e algumas obras rodoviárias.

Constate-se que os investimentos previstos neste plano incidem, sobretudo, em infraestruturas e meios de transporte que já existem. E que o distrito de Aveiro enfrenta um problema grave de escassez de oferta de transportes públicos, que afeta bastante os mais jovens.

Se é verdade que em Aveiro os jovens representam uma parte considerável dos utilizadores dos transportes públicos, também é verdade que os mesmos são muito insuficientes, e não cobrem eficazmente a generalidade do território do distrito. Em concelhos como Arouca, Oliveira de Azeméis ou Sever do Vouga, a oferta de transportes públicos é ainda muito escassa, e dificulta os acessos a outras zonas do distrito, como a cidade de Aveiro e a zona litoral e costeira das praias. Para qualquer jovem residente, por exemplo, em Sever do Vouga, deslocar-se rapidamente até Aveiro, utilizando transportes públicos, é uma tarefa difícil. A atual rede de transportes aufere de um fraco alcance geográfico, que acarreta problemas como o condicionamento de algumas deslocações ou a morosidade das viagens, por vezes de elevado custo, que constituem um entrave à mobilidade.

Este plano de investimentos do Governo para a próxima década, não é capaz de dar resposta a estas carências. Não só não acrescenta novos meios de transporte ao distrito, como centraliza as verbas para investimentos em infraestruturas que já existem. Um exemplo demonstrativo do falhanço de aplicação deste dinheiro, é a Linha Ferroviária do Vouga, que sempre serviu pouco os interesses da mobilidade no distrito, mas que vai ser requalificada por largos milhões. Estes que deveriam resultar em investimento público em novos meios de transporte, como novas linhas de autocarros, por exemplo. Que contribuíssem para acrescentar valor ao distrito, fomentando os transportes e os serviços. Para mais, ficou novamente adiada a construção do troço de ligação ferroviária Aveiro, Viseu, que é essencial para a promoção do acesso dos estudantes universitários às respetivas cidades, e estímulo à atividade económica entre as regiões.

Por tudo isto, o PNI 2030 torna-se incapaz de responder às necessidades dos cidadãos Aveirenses, sendo que não serve também os interesses dos mais jovens.

Aveiro precisa de investimento em mais transportes, não precisa dos mesmos. Só uma rede maior, mais vasta e mais variada pode realmente colmatar as desigualdades na promoção da mobilidade no nosso distrito. Se o Estado não sabe gastar dinheiro, então, pelo menos, que não o desperdice.