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António Lebre de Freitas

Engenheiro, Consultor de Empresas

O que queremos?

Estamos saindo do confinamento que nos impôs a pandemia e já sonhamos com um Portugal diferente, talvez enquadrado numa Quarta República, o que significa deitar abaixo a Terceira, escolhermos representante para uma nova Assembleia Constituinte.

Que alegrias vamos viver!

Acompanhados com os 45 a 50 mil milhões de euros que aí vêm, então, é a loucura completa.

Quando perceberemos que o País saído do 25 de Abril de 1974 nunca mais se endireitou depois daquelas “romarias diárias” do Poder Popular na rua a mandar e os Governos Provisórios a legislar em conformidade? E todos nós a caminho do abismo?

Se não fosse, e vamos por passos:

  1. O discurso do Mário Soares na Fonte Luminosa de Lisboa;
  2. O 25 de Novembro de 75 que pôs algum travão nos desmandos;
  3. O Fundo Monetário Internacional, vulgo FMI, aparecer cá em 1983, despegar dinheiro enquanto obrigava à contenção;
  4. E o pedido de entrada na CEE,
    Portugal já teria morrido à muito tempo sem apelo nem agravo!
    Agora a pandemia “deu-nos” outro milagre, 7 anos para gastar dinheiro, muito dinheiro.
    Como não acredito na pureza das intenções de qualquer grupo de políticos que se una para propor onde e como se vai gastá-lo, serei eu a apresentar dois possíveis planos:
  5. Dividi-lo equitativamente pelos 10 milhões de portugueses e todos receberíamos 5.000 euros por cabeça. Teríamos, pelo menos uma boa bebedeira coletiva…
  6. Ou decidimos, uma vez por todas, acreditar que precisamos de dar condições de igualdade a todos os portugueses, do interior à costa marítima, do Minho ao Algarve, com medidas que:
  • permitam o acesso rápido em todo o território: caminhos de ferro ligando pontos nevrálgicos. As auto estradas são para os carros, os comboios e carreiras para os trabalhadores. Com horários e paragens onde são mais precisos, a bem da movimentação das pessoas.
  • por favor, mais autoestradas, nunca.
  • novas implementações industriais baseadas na proximidade das matérias-primas e dos polos sociais de interesse a desenvolver nas diversas regiões do território.
  • definitivamente, uma gestão da floresta acima dos interesses particulares.
  • política de fixação de população no interior, aplicando um turismo comunitário onde se valorizam os produtos locais com gestão da comunidade.
  • buscar da ONU os três pilares:
  • prosperidade compartilhada (parceiros internacionais para desenvolvimento das capacidades produtivas);
  • desenvolvimento da competitividade (melhores mercados internacionais por aumento do comércio e desenvolvimento tecnológico, políticas modernas de padrão internacional);
  • promoção da qualidade de vida (indústrias mais eficientes).
  • criar um novo potencial humano para todo esse futuro com soluções dinamizadoras do sistema produtivo, nas melhores práticas de gestão e estratégia, onde a criação de talentos seja um atributo por si mesmo e a produtividade uma exigência. Passando pelas Universidades onde os cursos ministrados tenham a ver com a “real” realidade de desenvolvimento do país.

Tudo com uma condição: o dinheiro gasto, euro a euro, seja descortinado numa base de dados com acesso generalizado ao cidadão comum. Deixemo-nos, de vez, de aproveitamentos…

Originalmente publicado na edição de 1 de outubro de 2020