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Carlos Vinhal Silva

Anadiense

O reflexo da classe política: a decadência de uma sociedade presente

Assistimos a uma progressiva e alarmante decadência humana no plano moral. A primazia da ação é sempre dada à elegância, como se valesse mais a forma de executar o gesto do que o gesto em si mesmo, desprezando-se o objetivo e a intenção, ignorando o valor intrínseco de cada ato. Esquecemo-nos do sentido que subjaz a cada gesto, a cada palavra; o foco é colocado exclusivamente na reação que o nosso comportamento despoletará dos outros, não tendo importância (ou tendo-a, sendo residual, acessória ou secundária) a verdade que lhe é inerente.

Assistimos a esta decadência com maior premência precisamente naqueles que mais se deveriam opor a ela, se tomarmos como exemplo o modelo da Grécia Antiga, na qual os políticos deveriam ser um esteio desde o ponto de vista da moralidade. No entanto, aquilo que vemos é que esses políticos, esquecendo todo o qualquer preceito moral, afirmam barbaridades e deturpam a verdade se considerarem que esses disparates contribuem para um melhor resultado eleitoral, mesmo que tenham noção (e frequentemente têm) da mentira que contam. E quando, não menos vezes, são essas mentiras são descobertas, alegam ter sido mal interpretados, ou que as suas afirmações foram retiradas de contexto, aproveitando ainda para culpar a oposição num intento de exteriorizar a responsabilidade da sua própria imoralidade.

O pior é quando esta situação transita para a sociedade e também os seus membros, seguindo o exemplo dado pela classe política, tentam encontrar a popularidade através das aparências, através de frases, ações ou campanhas em que não estão verdadeiramente investidos, mas que consideram que pode ajudar a aumentar os seus seguidores e a sua credibilidade, mesmo que muitas vezes seja apenas dentro de um nicho profundamente perigoso para a comunidade e para a sobrevivência da democracia.

Deturpam a verdade e a realidade numa argumentação bacoca, mentem descaradamente numa tentativa infrutífera de ganhar a razão, desprezam aqueles valores morais que dizem ser mais elevados, demonstrando a lamentável incoerência do seu pensamento.

E é por isso que lamento este estado de coisas no nosso país. Envergonha-me o facto de haver Homens que colocam um preceito de elegância acima de um ditame moral, que colocam a popularidade sobre a verdade. Mas nesta tragédia alegra-me saber que esses Homens sendo apanhados na mentira, revelam a verdade de quem são, mesmo que praticamente não haja consequências…