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Jorge Pato

Vereador e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro

O “Velhinho” São Sebastião

Há muitos anos contava-se um episódio ocorrido na Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, relativo à atribuição do subsídio anual ao Oliveira do Bairro Sport Clube. Os dirigentes do clube em funções à data, não concordaram com o montante atribuído e ameaçaram “entregar as chaves do clube ao Município”. Ao que o Dr. Acílio Gala terá respondido, “há um chaveiro ali na parede; pendurem-nas aí”.

Naturalmente chegou-se a um acordo e o clube manteve a sua atividade. Mas este episódio jamais poderia acontecer nos dias de hoje. Desde logo porque o dito chaveiro já não existe. Depois porque este Executivo Municipal tem uma postura mais dialogante. E por último, e acima de tudo, porque os dirigentes atuais do clube não teriam razão para o fazer.

A evolução do montante dos apoios financeiros ao OBSC verificada nos últimos anos é significativa. Desde que chegámos aos destinos do Município em 2017, o apoio financeiro ao clube tem aumentado sucessivamente, nomeadamente na área da formação. Além disso, manifestámos sempre toda a disponibilidade para reunir quando nos foi solicitado. O que, como se sabe, não se verificava no passado recente.

A razão invocada pelo Presidente da Direção em exercício, para não se recandidatar a um novo mandato, é uma falácia absoluta. O argumento da propriedade do “velhinho” São Sebastião, ainda por resolver, não é justificação minimamente convincente nem aceitável.

Este problema começou em fevereiro de 2020, quando os serviços técnicos municipais alertaram para a existência de uma escritura de compra do Campo de São Sebastião, assinada em 1987, pelo Dr. Alípio Sol, após aprovação em reunião de câmara. O que significa que o registo por usucapião realizado em 2010, que tornou o campo de futebol propriedade do clube, foi um procedimento ilegítimo.

Perante esta realidade reunimos em meados desse ano, com dirigentes e ex-dirigentes do clube, a quem manifestámos a nossa vontade em doar o “velhinho” São Sebastião ao OBSC, logo que o clube resolvesse a irregularidade verificada na propriedade do imóvel. Esta intenção em doar o campo de futebol, a quem efetivamente deve usufruir dele, foi depois reafirmada muitas vezes, em reunião de câmara, assembleia municipal, conversas particulares, entrevistas e declarações públicas em eventos.

Passaram praticamente dois anos, nos quais o OBSC não tratou do processo. Algumas trocas de ofícios com manifestação de intenções, mas nada de concreto em termos de resolução do problema. Até que no último dia 22 de abril foi entregue finalmente uma proposta de resolução, entretanto já validada pelo serviço jurídico do Município. É absolutamente indiscutível, que a responsabilidade na demora verificada no processo, não pode ser imputada ao Município.

Por outro lado, também tem sido posto em dúvida, o compromisso deste Executivo Municipal em apoiar financeiramente, a colocação de um novo relvado sintético naquele campo. Este boato espalhado incessantemente nos últimos tempos, nomeadamente junto dos pais dos atletas das camadas jovens, não é justo nem verdadeiro. O Município exigiu apenas a apresentação de um projeto de obra e que a escolha do empreiteiro seja feita através de concurso público. Simples, legal e transparente. Nada mais. E portanto, também aqui, não é o Município que está a atrasar a realização da obra.

Como autarcas sentimos na nossa vida, o custo da dedicação ao serviço público. Por isso também sabemos reconhecer o que custa ser dirigente associativo ou desportivo. A perda de tempo da vida pessoal, de descanso, da companhia de familiares e amigos e até de dinheiro. Como, quanto maior a nau maior a tormenta, no caso do OBSC, esse esforço é ainda maior.

Reconhecemos esse esforço com respeito e consideração. E também prezamos as amizades pessoais, a paixão clubística e as prioridades políticas. Mas pese embora tudo isso, connosco estarão sempre em primeiro a verdade, o rigor e o interesse público. Custe o que custar, jamais abdicaremos desta prática.

Se todos seguirem estes princípios, não haverá dificuldades em resolver os problemas pendentes. Se todos comungarem destes valores, a Direção do OBSC renovará o seu mandato, para continuar o excelente trabalho que tem feito.