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André Henriques

Vereador do PS na Câmara Municipal de Anadia

Orçamento da de (missão) MIAP para o Concelho de Anadia

“Os documentos previsionais para o ano económico de 2022, elaborados pelo MIAP enquadram-se nas linhas estratégicas …”. Assim começa o relatório do Orçamento para 2022 de Anadia. Foi com surpresa que li esta frase pois julguei eu que o governo da Câmara fosse de Anadia para todos os Anadienses. Erro meu, é do MIAP, que em campanha anunciou mais de 60 medidas, 50 das quais eram “continuar”, “manter”, “dar continuidade”. Enquanto escrevo este texto ouço Rui Rio no congresso do PSD, onde estão como convidados representantes de todos os partidos políticos. Não está naturalmente o MIAP, que não é partido político e não se lhe conhece a ideologia, a organização, a transparência. Sabemos que surgiu do oportunismo de contornar a lei que limitava os mandatos. De resto nada mais se sabe. Direcção, militância, simpatizantes, auscultação, representação da sociedade civil são termos que não encaixam no MIAP. Fica bem dizer que são independentes e que neste “clube” cabem todas as ideologias políticas. Os números dizem que o sucesso deste movimento está em queda acentuada com menos 2200 votos, menos um vereador e menos 3 juntas de freguesia, o MIAP entra no derradeiro mandato desta Presidente com um orçamento para Anadia que é o “seu” orçamento. Sem planos estratégicos para os problemas mais estruturais do Concelho, sem dar resposta aos problemas da habitação, do saneamento e do abastecimento de água, completamente dependente do calendário de fundos europeus, este orçamento consegue contudo as seguintes bipolaridades: um investimento avultado de quase 600.000€ num projecto de biorresíduos e não se vê forma de resolver a falta de ecopontos, contentores e recolha do lixo; um investimento na requalificação da Escola Básica da Moita (que bem precisa) e nenhum plano para a Escola de Vilarinho (o plano deve ser aguardar por um fundo comunitário); um investimento no centro de saúde de Anadia (que está a cair de podre), e nem mais um euro para a Saúde em ambiente de pandemia; a menor verba dos últimos 3 anos para a Cultura, a Acção Social com 314.000€, menos 11% que em 2021 e menos 29% nas funções económicas que comparam com uns incompreensíveis 750.000€ para o projecto do Monte Crasto – este é o maior erro do orçamento!

Continuo a ouvir Rio, que diz “o SNS está hoje mais fragilizado que nos primeiros 15 anos de existência” – esqueceu-se de referir que estamos a atravessar a pior pandemia das nossas vidas. A demagogia tem destas coisas e paga-se nas urnas.

Por falar em demagogia volto ao MIAP, para falar um pouco mais do estilo de gestão: depois de fazer uma despesa de mais de 4 milhões de euros no novo parque urbano e de se preparar para um erro colossal no Monte Crasto, Anadia continua a ser o Concelho dos WC´s dos parques fechados – porque são vandalizados – e não há pessoal ou recursos para os abrir de manhã e fechar à noite. Continuará a ser o Concelho que em termos de Turismo quer “apresentar-se como um destino turístico singular, com muito para ver, sentir, saborear e visitar” mas que depois, ao nível do orçamento, corta 62% nas verbas das grandes opções do plano face a 2021, e continuará a ser o município que diz que tem políticas para jovens, que são políticas para todos, logo também abrangem os jovens e quando estes jovens, no órgão certo, Conselho Municipal da Juventude, pedem horários alargados da Biblioteca em época de exames ouvem da tal resposta “cassete-demagógica”: Não há recursos!

Haver há, mas são para outras prioridades pois o MIAP demitiu-se das Pessoas!
Desejo a tod@s um Santo Natal.

Texto escrito ao abrigo do anterior acordo
ortográfico, por vontade expressa do autor