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Eduardo Vasconcelos

Vice-Presidente da JSD Águeda

Pelo Nosso “Vouguinha”

Todos reconhecemos que um dos entraves ao crescimento do concelho de Águeda é a parca oferta de opções de mobilidade, em especial na sua conexão com a região envolvente. Refiro-me principalmente ao transporte ferroviário tão necessário para trabalhadores, estudantes e turistas, e que é visto por muitos como última opção, isto devido à longa duração da viagem, estado da linha, condições do transporte e falta de ligações necessárias.

Como muito outros estudantes e trabalhadores que vivem ou exercem a sua atividade fora de Águeda, encontro-me extremamente limitado no que toca a ligações de transporte público, não só pela longa duração da viagem Águeda-Aveiro, o que torna uma viagem para o Porto algo que dure bem mais que 2 horas; bem como o fim da ligação ferroviária com Albergaria, uma importante paragem da Rede Expressos, obriga ao recurso a um meio de transporte próprio, não disponível para todos, especialmente os jovens, o que dificulta em grande parte a ligação com outros pontos do país, como por exemplo, à cidade de Viseu.

Isto denota uma falta de preocupação por parte do governo central na nossa região, uma intervenção de fundo na linha poderia trazer consideráveis benefícios e aumentar o número de utilizadores.

Vejamos quando, em 2010 um estudo elaborado pela consultora ferroviária Trenmo considerou que a linha do Vouga possuía as mesmas potencialidades da intervenção da linha entre Lousado e Guimarães, que nos anos 2000, foi completamente renovada e eletrificada, permitindo-lhe integrar com a rede de suburbanos do Porto e aumentar a procura, no espaço de 10 anos, de 200 mil para 2 milhões passageiros anuais.

É verdade que, atualmente, a linha encontra-se em renovação, foram aprovados 32 milhões de euros para a renovação da superestrutura da via; substituição integral do carril, travessas e fixações e a automatização das passagens de nível, tendo sido o troço Sernada-Águeda já concluído e com intervenções previstas para todo o resto da linha até 2025. Todavia estas intervenções, financiadas pelo PRR, apesar de importantes são meramente de curto prazo, dado que não prevêem intervenções no número e localização de apeadeiros, nem no seu traçado, que permitiria melhorar bastante a velocidade do transporte; bem como não é clara a abertura da ligação Sernada-Oliveira de Azeméis, bem como eletrificação da linha não é considerada e o uso de novos combustíveis remetido para um nível experimental para o futuro.

Concluindo, assistimos ao tratamento do comboio como o parente pobre do transporte, no nosso caso visto muitas vezes como a última opção pela população, existindo mesmo assim, um grande recurso ao “Vouguinha”. Por isso, apelo a um investimento na renovação da rede ferroviária na região de Aveiro, pautada pela eficiência, que proporcione a uma rede de transportes integrada, unindo localidades pelo transporte público e principalmente focado nas necessidades do futuro, como a acessibilidade económica, a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento económico e social.