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Luís Correia

Mestrando em Relações Internacionais na Universidade de Wroclaw (Polónia)

Rússia: o inimigo público n.º 1

São já bem conhecidas as matreirices russas, não só de agora, mas desde a URSS.

Em 1991, após a dissolução da União Soviética, a Rússia juntou-se a várias outras ex-repúblicas soviéticas para formar a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Embora o fim do comunismo soviético e o subsequente colapso da URSS trouxessem profundas mudanças políticas e económicas, incluindo o início da formação de uma grande classe média, durante grande parte da era pós-comunista, os russos tiveram que suportar um período económico geralmente fraco, inflação elevada e um complexo de negativismo social que serviram para diminuir significativamente a expectativa de vida.

Apesar dos problemas tão profundos, e após o fracasso de Boris Yeltsin enquanto primeiro Presidente russo pós-URSS, com as suas ideias mirabolantes capitalistas, abuso de poder e com a crise constitucional de 1993, acabou por ceder anos mais tarde, em 1999. Deu então lugar a Vladimir Vladimirovich Putin, querendo trazer à sociedade russa tradições e valores perdidos, e, consequentemente, a Rússia mostrou-se promissora em alcançar o seu potencial como potência mundial mais uma vez.

A Rússia faz parte de algumas organizações internacionais e participa em algumas das mais importantes missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), mas é certo e sabido que a realidade é outra.

A Rússia pretende facilitar ativamente a criação de uma arquitetura global de comércio, económica, monetária e financeira equitativa e não-discriminatória; pretende uma definição de metas de desenvolvimento internacional assumindo que desafios comuns de modernização oferecem novas oportunidades para fortalecer a cooperação económica internacional; assegurar a sua igualdade no sistema moderno de relações económicas internacionais, e minimizar os riscos associados à sua integração na economia global.

Com o que tem acontecido recentemente com a Crimeia, com a intervenção russa em Nagorno-Karabakh, em algumas regiões fronteiriças com a Ucrânia, no mar do Sul da China, no Cazaquistão e com as ameaças energéticas feitas à União Europeia, o presidente russo, Vladimir Putin, justifica as suas ações com base em diversos fatores e eventos que têm acontecido, nomeadamente com os sistemas de defesa antimísseis dos EUA na Europa e com a crescente aliança entre os EUA e a NATO.

Fica claro, portanto, que o Presidente russo tem como objetivo proteger o povo russo e os interesses russos, assumindo a implementação de uma estabilidade política e o seu status de grande potência na arena global, tornando a Rússia no inimigo público n.º 1.