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Porcel promoveu Open Day dedicado à sustentabilidade e à transformação digital

Miguel Roque Bouça (Porcel) defendeu que “tem de haver consistência nos objetivos de sustentabilidade”, lembrando, contudo, as dificuldades de competitividade: “A Europa não é autossuficiente em energia mas, por outro lado, permite a entrada de produtos de países terceiros, como China ou Turquia, sem taxas, o que cria uma competitividade selvática”.

A Porcel, sediada no Silveiro, Oiã, abriu as portas na passada quinta-feira, 25 de setembro, para um Open Day dedicado à transformação digital e energética, iniciativa organizada em conjunto com o IAPMEI e que contou ainda com a parceria do CTCV – Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro e da Universidade de Aveiro. O evento realizou-se simbolicamente no Dia Internacional da Sustentabilidade.

Na sessão de abertura, Ana Luísa Roque, presidente do conselho de administração da Porcel, destacou os pilares que marcam a atuação da empresa – Inovação, Design, Tecnologia, Sustentabilidade e Pessoas – lembrando também o fundador e seu pai, Adolfo Roque. Com quase 38 anos de atividade e cerca de uma centena de trabalhadores, maioritariamente mulheres, a Porcel tem na qualidade e nos projetos especiais o seu principal cartão de visita. Atualmente, 95% da produção destina-se à exportação, abrangendo 50 mercados.

A responsável sublinhou os investimentos em digitalização e sustentabilidade, desde a gestão energética com fornos elétricos e painéis solares, à impressão 3D e à modernização do chão de fábrica. “Os clientes confiam na nossa excelência e queremos continuar a crescer de forma sustentável”, afirmou.

Já José Pulido Valente, presidente do conselho diretivo do IAPMEI, salientou que a chamada Indústria 6.0 representa “uma revolução de valores, onde tecnologia, inteligência artificial, sustentabilidade e bem-estar das pessoas caminham lado a lado”, considerando a Porcel um exemplo dessa integração.

Seguiram-se intervenções sobre o papel da academia na sustentabilidade. António Baio Dias, do CTCV, realçou a importância do apoio dos centros de conhecimento na melhoria contínua dos seus produtos e na transição energética. João Labrincha, da Universidade de Aveiro, apresentou um projeto em curso na Porcel que visa substituir o gás natural por eletricidade no processo de cozedura, tentando manter as características nobres da porcelana. “Dentro de dois anos e meio esperamos ter algo inovador, com menor pegada de carbono e economicamente viável”, adiantou.

A tarde prosseguiu com uma mesa-redonda sobre Sustentabilidade e Digitalização, que contou com a participação de representantes do Grupo Mota, da JOT, da Porcel e do IAPMEI. Miguel Roque Bouça (Porcel) defendeu que “tem de haver consistência nos objetivos de sustentabilidade”, lembrando, contudo, as dificuldades de competitividade: “A Europa não é autossuficiente em energia mas, por outro lado, permite a entrada de produtos de países terceiros, como China ou Turquia, sem taxas, o que cria uma competitividade selvática”.

Na mesma linha, referiu que a eletrificação levanta um enorme desafio técnico: “Com fornos elétricos, não conseguimos ainda manter as características nobres da porcelana. Estamos em consórcio com a UA e a MOTA para desenvolver soluções que permitam atingir esse objetivo”.

Júlia Tomaz, do IAPMEI, apresentou o programa PME na Rota da Sustentabilidade, que pretende orientar e capacitar empresas na adoção de práticas sustentáveis de forma integrada.

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, Duarte Novo, encerrou a sessão, enaltecendo o setor cerâmico como “uma das bases do desenvolvimento do concelho”.

O encontro terminou com uma visita à fábrica, onde foi possível conhecer os processos de produção de porcelana fina que têm consolidado a Porcel como referência internacional na união entre tradição manual e inovação tecnológica.