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Carlos Vinhal Silva

Anadiense

Alicerces para o futuro

No intricado mosaico da vida humana, poucos padrões estão tão profundamente gravados como aqueles que foram forjados durante os nossos primeiros anos de existência. À medida que vamos dando os primeiros passos sob o olhar atento da família, vamos também caminhando num processo complexo que se estende muito além dos domínios da escolaridade formal: a educação. A educação, de um modo semelhante ao oleiro que molda a argila, permite a formação de valores morais e sociais, ajuda a construir visões do mundo e a esculpir e desenvolver a nossa personalidade e identidade, o que nos leva a considerar que a educação é muito mais do que um mero canal que leva ao conhecimento: deve ser, sobretudo a educação informal, uma alavanca que permite incutir a virtude e fortalecer a capacidade de guiar os passos futuros da vida.

Fazendo ressoar os ideais das antigas civilizações (da qual destacamos a civilização grega), teremos que considerar que o conceito de educação ultrapassa os limites físicos da sala de aula, pelo que devemos encarar a educação como uma possibilidade que leva ao crescimento intelectual moral. É assim porque a educação que recebemos na infância e na juventude, sempre que orquestrada num âmbito familiar sólido, ajuda a estabelecer as bases para o nosso desenvolvimento cognitivo e emocional. De facto, é na família que encontramos, pela primeira vez, determinados pilares que consideramos imprescindíveis para a coexistência harmoniosa entre cidadãos e indivíduos, tais como empatia, integridade e responsabilidade. Mas não ficamos por aqui: um ambiente familiar estimulante incentiva igualmente o questionamento e o pensamento crítico, oferecendo-nos lentes através das quais podemos perceber o mundo.

No entanto, nem todos os cenários traçados são ideais, pelo que uma má educação neste aspeto terá, naturalmente, os mesmos efeitos no tempo que uma boa educação. Foi por isso que referimos a necessidade de estimular o questionamento e o pensamento crítico: para poder romper essas amarras que prendem a maus hábitos e piores costumes, a valores deficitários ou insuficientes, a uma conduta que, por defeitos de educação, não pode ter outra forma. Porque a educação que nos dão em crianças tem amarras para a vida inteira, e, como tal, necessitamos de cultivar a virtude e o conhecimento, a sabedoria e a integridade moral; seja para seguir o caminho que nos foi ensinado, seja para fugir dele em caso de necessidade.