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Aveiro // Bairrada // Região  

Feira de Artesanato celebra a tradição e a força comunitária em Nariz

“É uma iniciativa que fortalece a cultura, dinamiza a vida comunitária e projeta o nome da freguesia para fora dos seus limites geográficos”, defende Miguel Silva, presidente da JF.

De 11 a 14 de setembro, Nariz volta a ser palco de uma das iniciativas mais vibrantes e representativas da identidade local: a Feira de Artesanato. Nascida em 2022, esta mostra anual tem vindo a afirmar-se como uma referência cultural no concelho de Aveiro, reunindo artesãos, associações, visitantes e agentes locais num evento que vai muito além da simples exposição de peças artesanais – é uma celebração da memória, da criatividade e da força comunitária.

A primeira edição da Feira de Artesanato de Nariz surgiu em 2022, ainda com uma dimensão modesta, reunindo apenas cerca de meia dúzia de artesãos e o envolvimento direto de três associações locais. No entanto, desde esse primeiro momento, ficou claro que havia ali um potencial imenso por explorar. “Tem sido, sem dúvida, uma excelente aposta”, afirma Miguel Silva, presidente da União de Freguesias de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, para quem a feira tem vindo a assumir um papel estruturante na promoção da freguesia e das suas gentes.

Mais do que um evento pontual, a feira representa um compromisso com a cultura local e com o trabalho dos artesãos que preservam técnicas, materiais e saberes ancestrais. Para Miguel Silva, o impacto do certame sente-se em várias frentes: “É uma iniciativa que fortalece a cultura, dinamiza a vida comunitária e projeta o nome da freguesia para fora dos seus limites geográficos.”

Três anos volvidos, a evolução do certame é notória. A edição de 2025 contará com cerca de 40 artesãos — o número máximo possível face ao espaço disponível — e o envolvimento ativo das 12 associações da freguesia, que se distribuem entre tarefas logísticas, culturais, recreativas e gastronómicas. A adesão do público tem acompanhado esse crescimento: nas últimas edições, passaram pelo recinto mais de 10 mil visitantes, o que confirma não apenas o sucesso do evento, mas também a sua crescente popularidade junto da população local e de quem vem de fora.

A aposta na continuidade e na qualidade é visível também na forma como o evento se estrutura. Este ano, pela primeira vez, a feira estende-se por quatro dias consecutivos, permitindo uma programação mais rica e variada, pensada para todos os públicos e todas as idades.

Artesanato com identidade

Apesar da crescente projeção da feira, o seu objetivo inicial mantém-se intacto: dar visibilidade e dignidade ao artesanato produzido localmente. “Queríamos valorizar o trabalho dos nossos artesãos e esse propósito continua a ser central”, garante Miguel Silva. A feira permitiu que muitos destes criadores ganhassem novo reconhecimento e impulso: alguns deles já estão certificados pela CEARTE, entidade de referência no setor do artesanato em Portugal.

Dos cerca de 40 artesãos presentes na edição de 2025, cerca de metade são da freguesia. Os visitantes poderão encontrar peças únicas de arte sacra e naval, cestaria, bordados, cerâmica, linho ou cutelaria, entre outras expressões tradicionais. Para Miguel Silva, este encontro entre tradição e criatividade é uma das chaves do sucesso do certame: “É um convite a redescobrir técnicas que fizeram parte da vida dos nossos avós e que hoje, felizmente, estão a ser revitalizadas.”

Gastronomia, vinho e produtos da terra

A gastronomia é outro dos pilares da feira. As tasquinhas, a cargo das associações locais, voltam a garantir sabores autênticos e pratos típicos da região, num ambiente informal e familiar. “É uma forma de as associações se envolverem ativamente, de angariarem fundos, mas também de proporcionarem momentos de convívio e partilha”, sublinha o autarca.

Um dos destaques introduzidos em 2024 – e que regressa este ano com maior destaque – é a ligação à Rota da Bairrada. A presença de um stand da associação e a realização de um colóquio dedicado à importância do vinho na Bairrada reforçam a ponte entre o artesanato, os produtos locais e a identidade da região. Além disso, os visitantes poderão provar e adquirir vinhos e espumantes de produtores locais, criando uma experiência sensorial completa e valorizando a economia regional.

Um cartaz com mais dias, mais nomes e mais diversidade

A edição de 2025 chega com várias novidades significativas. Para além do alargamento do número de dias, o evento receberá pela primeira vez uma região convidada no campo do artesanato: Ronfe, freguesia do concelho de Guimarães. Esta abertura promove o intercâmbio cultural entre territórios, valoriza o artesanato nacional e enriquece a diversidade da feira.

Outra inovação será a introdução de um espetáculo de stand-up comedy, com o humorista Carlos Vidal, que promete trazer novas dinâmicas de entretenimento e momentos de boa disposição ao evento.
Na música, o destaque vai para o Festival de Fado Jovem, que contará com Catarina Rocha como madrinha. A jovem fadista, considerada uma das promessas da nova geração, sobe ao palco na noite de 13 de setembro para um espetáculo que, segundo Miguel Silva, será “de grande intensidade cultural e emocional”.

O cartaz musical inclui ainda atuações do Grupo Novos Sons, do Grupo Cantares Santa Eulália, da Tuna Feminina da Universidade de Aveiro, do grupo Sete Saias e dos instrumentais D’Improviso e Póvoa com Vida. A fechar, um concerto especial com músicos de todas as associações da freguesia, num momento simbólico de comunhão, talento e pertença.

Enquanto freguesia reconhecida como Eco-Freguesia, a organização da feira mantém o compromisso com a sustentabilidade. A parceria com a ERSUC permite implementar boas práticas ambientais e garantir que o evento continue a ser um ecoevento certificado, reduzindo o impacto ecológico e promovendo comportamentos conscientes entre expositores e visitantes.

Para garantir o conforto de todos, e perante a possibilidade de instabilidade climatérica, o recinto voltará a estar coberto com uma tenda de grandes dimensões – ampliada este ano para 1500 m2 – oferecendo melhores condições logísticas e de circulação.

Com um orçamento de cerca de 20 mil euros, suportado pela junta de freguesia, o evento beneficia do apoio fundamental da empresa IRBAL, cuja colaboração tem sido determinante para a estruturação e realização da feira. A política de distribuição de receitas mantém-se: os artesãos não pagam presença no evento e ficam com a totalidade da receita das suas vendas, enquanto as associações recebem os lucros das tasquinhas e outras atividades.

Uma feira com reflexão e futuro

A edição de 2024 contou com a realização de um colóquio dedicado ao artesanato e à importância da sua valorização no território. Para Miguel Silva, esse momento de reflexão foi essencial: “Reforçou a consciência coletiva sobre o valor do nosso património imaterial e recordou o investimento que o município fará em Requeixo, com a criação do futuro Museu da Terra, um projeto que terá um papel central na preservação e promoção da cultura local.”

Com este espírito de continuidade, inovação e envolvimento comunitário, a Feira de Artesanato de Nariz prepara-se para mais uma edição que promete surpreender, emocionar e afirmar-se como muito mais do que uma mostra de produtos: um verdadeiro espelho da alma de uma freguesia.

Miguel Silva, Presidente da Junta de Freguesia

Nariz considera-se uma “terra bairradina”? O que se poderá fazer para integrar ainda mais este lugar na nossa Bairrada?

Nariz tem vindo a consolidar-se como parte integrante da identidade bairradina. Através dos vários eventos que temos vindo a realizar, estamos a conseguir colocar “Nariz na Bairrada” de forma concreta e consistente. No entanto, reconhecemos que ainda há passos importantes a dar, nomeadamente a necessidade de conseguirmos um produtor certificado na nossa freguesia, o que seria um marco relevante para a integração plena na região. Paralelamente, estamos a requalificar o antigo salão da Junta de Freguesia de Nariz que será transformado num salão multiusos. Uma das valências previstas para este espaço é precisamente a sua utilização pela Rota da Bairrada, para acolher diversos eventos ligados à região. Esta parceria será fundamental para reforçar a ligação de Nariz à identidade e dinâmica da Bairrada.