A 27 e 28 de novembro, Águeda voltou a reunir o setor turístico na 10.ª edição das Jornadas Internacionais de Turismo. Um espaço de reflexão, debate e partilha que trouxe ao Centro de Artes de Águeda especialistas, entidades públicas e operadores privados em torno de temas que atravessam o setor: inovação tecnológica, experiências personalizadas, grandes eventos e sustentabilidade.
A cerimónia de encerramento, no Palácio da Borralha, coroou o encontro com a atribuição do galardão “Chapéu de Ouro” 2025 ao grupo Wotels, distinguido pelo investimento no projeto WOT Pateira Soul, na envolvente da Pateira de Fermentelos.
“Há 20 anos nem se falava de turismo em Águeda e hoje sentimos que estamos a fazer um trabalho fantástico”, afirmou Edson Santos, destacando o envolvimento da comunidade e a crescente afluência de visitantes. “Uma cidade pequena que tem movimento de cidade grande”, descreveu o autarca, referindo-se a Águeda como um laboratório capaz de gerar memórias e experiências que se traduzem em atratividade. Com os olhos no futuro, o vice-presidente faz um balanço positivo ao evento, mas não esconde a ambição: “O objetivo nunca está alcançado. Queremos sempre mais”.
Nas palavras de Edson Santos, este ano, as Jornadas Internacionais de Turismo representaram “uma viagem pelo Sri Lanka, pelos Açores, por Cabo Verde”, numa celebração das pontes criadas ao longo da última década. Do município da Madalena do Pico, nos Açores, a presidente Catarina Manito destacou o impacto emocional destas ligações. “Queremos que quem nos visita sinta pertença, sinta casa. Leva-se muito mais do que aquilo que se vê”.
Anabela Freitas, do Turismo Centro de Portugal, por seu turno, chamou a atenção para os desafios que o setor enfrenta, referindo a inteligência artificial como elemento decisivo. “Como alteramos o algoritmo para que o nosso destino esteja onde tem de estar?”, questionou, defendendo um turismo que respeite o equilíbrio “entre o social, o económico e o ambiental”. Augusto Veiga, ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, reforçou o papel do turismo cultural como força de desenvolvimento: “Partilhamos a nossa alma, as nossas histórias. O turismo deve ser inclusão, identidade e encontro entre povos”.
Já Jorge Almeida, presidente da câmara de Águeda, evocou a felicidade como promessa que alimenta o ato de viajar, afirmando: “Se calhar, para o ano, estas jornadas já são de turismo… e da felicidade”.
Os painéis evidenciaram os principais desafios do turismo, da digitalização e inteligência artificial às exigências de personalização das experiências.
A relevância dos grandes eventos na projeção dos territórios foi amplamente demonstrada, enquanto o debate sobre sustentabilidade defendeu uma abordagem equilibrada entre ambiente, economia e dimensão social, com forte envolvimento das comunidades locais.
Além das conferências, a programação procurou também materializar a ligação entre cultura, território e produto: o workshop de harmonização e prova de vinhos no Palácio da Borralha, que culminou na criação coletiva de um perfume inspirado na Bairrada, exemplificou o impulso para experiências sensoriais e para a valorização de recursos locais.
Grupo Wotels distinguido com “Chapéu de Ouro”

A entrega do “Chapéu de Ouro” ao grupo Wotels sintetiza, simbolicamente, os objetivos que moveram as jornadas. O júri valorizou um investimento que conjuga reabilitação, integração paisagística e oferta experiencial – aspetos centrais do projeto WOT Pateira Soul. Para Nuno Constantino, CEO do grupo, o prémio representa reconhecimento e responsabilidade.
“Assumir aquele edifício na Pateira é um legado”, reconheceu, admitindo que nos “dias em que a chuva aperta, e este chapéu vai dar jeito”. “Pôr a Pateira no mapa do turismo nacional e internacional”, através de uma oferta que cruza alojamento, gastronomia e experiências de natureza, é, segundo o responsável, um dos objetivos centrais do projeto.
