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Aveiro // Região  

Investigadores vão estudar campos de gás na ria de Aveiro

Um grupo de investigadores vai apresentar um projecto para estudar os campos de gás existentes na ria de Aveiro e o seu possível aproveitamento para consumo doméstico.

O projecto surge na sequência de levantamentos geofísicos efectuados por este grupo de investigação, coordenado por Luís Menezes Pinheiro, do departamento de Geociências e do Laboratório Associado CESAM, da Universidade de Aveiro, desde 2004.

A existência de campos de gás nesta zona foi reportada pela primeira vez, em 1967, durante a abertura de um poço junto de uma casa em construção em Vagos, tendo sido comprovada mais recentemente num artigo científico publicado numa revista internacional por este grupo de investigação, em 2006.

“Neste tipo de ambientes é comum existir gás e na ria há várias zonas onde existe ocorrência de gás. Temos inclusivamente alguns filmes onde se vê o escape de gás à superfície da água”, disse à Lusa Luís Menezes Pinheiro, que tem vindo a fazer pesquisa na ria de Aveiro há vários anos.

De acordo com o geofísico, já foram identificados seis campos de gás no fundo da laguna, na sequência de levantamentos geofísicos realizados ao longo dos canais de navegação.

Análises realizadas, posteriormente, provaram que o gás libertado é biogénico. “É um gás formado devido à decomposição da matéria orgânica por bactérias e é essencialmente composto por metano (o principal componente do gás natural)”, precisou o investigador.

Luís Menezes Pinheiro diz não ter certeza quanto à existência de gás em quantidade “suficientemente interessante” para uma eventual utilização a nível doméstico. “Penso que os campos são relativamente pequenos, mas à priori a possibilidade existe”, salienta.

“Primeiro, temos de ver que quantidades é que há, para depois testarmos como podemos recuperar esse gás e ver se o conseguimos aproveitar”, adiantou o investigador.

A equipa de investigadores liderada por Luís Menezes Pinheiro pretende cartografar estes campos de gás e estudar a sua evolução ao longo do tempo.

De acordo com o geofísico, no início do próximo ano vão começar a fazer medições de fluxos. “Vamos mergulhar nas zonas onde vemos escape de gás e vamos medir aí os fluxos, ou seja, ver qual é a quantidade de gás que está realmente a escapar”, explicou.

Este grupo de investigadores, no qual participa Joaquim Vieira, do Laboratório Associado CICECO, igualmente da UA, propõem-se também vir a desenvolver protótipos de pequenos reactores para o aproveitamento deste gás em instalações domésticas.

Luís Menezes Pinheiro destaca ainda que os resultados deste projecto podem vir a ser aplicados noutros locais do mundo, dando como exemplo as zonas de mangais na Índia ou no Brasil.