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Anadia // Bairrada  

Anadia:Mulheres cada vez mais interessadas em saber provar e comentar vinhos

Numa iniciativa inédita por ser exclusiva para o público do sexo feminino, teve lugar na tarde do passado sábado, dia 16 de fevereiro, um curso de Iniciação à Prova de Vinhos, que decorreu em Anadia, mais concretamente na sala de provas da Estação Vitivinícola da Bairrada (EVB).
Integrado nas comemorações dos 125 anos da EVB, o curso, limitado a 35 inscrições, foi participado por 37 mulheres. Um sucesso, superando todas as expetativas já que, em apenas dois dias, se registaram mais de 100 inscrições, o que obrigou a organização (DRAP Centro e EVB) a suspender as mesmas.
“O vinho está na moda”, dizia-nos uma das participantes, já habituada a lidar com vinhos da Bairrada, de várias marcas e produtores. Cristina Azevedo, da Rota da Bairrada, confirmou ser cada vez maior o número de mulheres interessadas em aprender, em saber mais sobre os vinhos, mas também sobre a forma como estes devem ser servidos e apreciados. Por outro lado, destacou o papel da mulher neste setor predominantemente masculino: “elas têm ganho outro protagonismo neste setor e esta é uma iniciativa feliz”.
E se a parte lúdica da iniciativa foi uma das razões que trouxe à EVB a maioria das participantes, não deixaram de estar igualmente presentes várias mulheres habituadas a lidar com vinhos, já que estes fazem parte do seu mundo profissional.
Joana Campolargo, da Adega Campolargo (S.Lourenço Bairro), Ana Lemos, da Quinta do Ortigão (Anadia), Luciana Sardo, Sónia Oliveira, Maria da Luz Silva, Joana Castilon (Aliança – Vinhos de Portugal), Cristina Azevedo e Teresa Manso (Rota da Bairrada), Manuela Melo (Caves da Montanha), Mónica Jesus (vinhos Filipa Pato), entre outras, foram algumas das profissionais presentes neste evento.
A propósito da iniciativa, Joana Campolargo não deixou de referir que “quanto mais se treina, mais se aprende”, sendo o treino fundamental, senão mesmo determinante para os profissionais do setor. Por isso, ser um rosto assíduo em iniciativas do género: “mais conhecimento e mais técnica” são dois dos ingredientes que a despertam para este tipo de cursos.
A produtora e responsável pelo mercado externo dos vinhos Campolargo sublinharia ainda que “é um facto incontornável que há cada vez mais mulheres interessadas por vinhos e por saber mais sobre estes.”

Homenagem às mulheres. Jorge Gomes, diretor de serviços de Desenvolvimento Agro-Alimentar, Rural e Licenciamento da DRAP Centro, revelou que com esta iniciativa se pretendeu “dar especial ênfase ao papel da mulher no vinho, sendo também o culminar de todo um conjunto de iniciativas realizadas nos últimos meses, no âmbito das comemorações dos 125 anos da EVB”.
Por outro lado, diria, ser também “uma forma de homenagear o papel da mulher na história e evolução do setor”. Por isso, considera oportuno “quebrar a ideia de que o vinho está associado ao homem, porque se trata de um setor transversal, que não é sexista, até porque se vê cada vez mais o sexo feminino a dedicar-se a esta área”. Depois, acrescentou, “houve a preocupação de orientar o curso para um segmento que não tem grandes hábitos enraizados relativamente a conceitos associados à prova”, deixando ainda uma nota de que a adesão maciça mostra “o crescente interesse das mulheres por este setor, pelos vinhos”.
Jorge Gomes interpreta ainda a enorme adesão ao curso “por se tratar de um público ávido de conhecimento”, proveniente dos mais variados níveis: profissional a lúdico/informativo. Por isso, não descarta a hipótese da realização de outras ações no género, direcionadas para áreas mais específicas, com uma natureza e grau de exigência também diferentes.

Viagem pelos sentidos. Mais do que um curso, esta tarde foi como que uma viagem pelo mundo dos sentidos. A visão, o olfato e o paladar são os sentidos essenciais a um bom provador e querem-se apurados. Caberia ao enólogo José Carvalheira, técnico Superior do Departamento de Enologia da EVB, provador das Câmaras de Prova da CVR Bairrada e formador na área da enologia, fazer as honras da casa.
Ao longo de mais de três horas, fez “uma abordagem simplista da temática, tendo em conta o tempo disponível e o público alvo”, como referiu.
A primeira hora foi dedicada às metodologias de análise sensorial de vinhos. As participantes ficaram a conhecer um pouco mais sobre os tipos de prova de vinhos, órgãos dos sentidos usados, condições ambientais ideais para provar vinhos, caraterísticas dos vinhos, metodologia na análise do vinho, temperatura e serviço de vinhos, tipo de copos, etc. Na segunda parte, participaram numa prova comentada de vinhos brancos, tintos e espumantes Bairrada.

Catarina Cerca
catarina@jb.pt